Entenda como é feita uma consulta ginecológica e quando desconfiar de assédio sexual

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A ida ao ginecologista é uma ação muito importante para a saúde da mulher, afinal de contas, é através da prevenção e atenção ao próprio corpo que se pode garantir uma vida mais sadia, evitando doenças como miomas uterinos, candidíase, quistos no ovário e endometriose. No entanto, recentes evidências de assédio e violência sexual durante a consulta vieram à mídia e causaram grande preocupação, como é o caso do ginecologista baiano Elziro Gonçalves de Oliveira, investigado por, pelo menos, doze crimes sexuais contra mulheres no ambiente clínico.

O médico deve ser interrogado até o final de agosto, onde o inquérito será concluído e enviado ao Ministério Público. Dada a importância do tema, é necessário estar cada vez mais consciente sobre como funciona uma consulta ginecológica e quando desconfiar que algo não corresponde ao procedimento padrão. O Portal Olho na Saúde conversa com a Dra. Maria Conceição Fonseca, que é ginecologista e mastologista da clínica Pró Mulher sobre a necessidade de cuidar da saúde e as orientações necessárias.

Como é feita uma consulta ginecológica?
Ela é dividida em duas partes. A primeira parte é a consulta através da anamnese, que é uma conversa com a paciente. A gente vai perguntar o que ela está sentindo, vai questionar o período menstrual, os ciclos anovulatórios, as gestações dela, se tem algum tipo de alergia ou não e o consumo de medicações. Já no segundo momento, é um exame clínico – ela vai para a mesa ginecológica e, normalmente, examinamos a mama, faz um exame de abdômen para verificar quaisquer alterações na área e faz o exame ginecológico, que é quando a gente passa o espéculo e colhe o papanicolau. Ao final, também é realizado o toque vaginal para ver o tamanho do útero e verificar se os ovários estão bem.

Quando desconfiar que a consulta ginecológica não está dentro dos parâmetros usuais?

Eu acho que a consulta, independente de ser médico homem ou mulher, precisa existir com respeito mútuo. Então, tem que ocorrer o processo nem muito íntimo, nem pouco íntimo, muito menos sendo grosseiro. E precisa existir o respeito da paciente com o profissional o tratando da mesma forma, o respeito precisa imperar. Então, quando se passa desse limite, no qual existe uma relação muito próxima, tratando como querido ou amor – até quando há grosserias – é para se desconfiar.

A consulta é extremamente necessária para as mulheres. No entanto, muitas acabam sentindo medo após observar casos de assédio. Qual conselho a Dra. transmite?
Primeiro, é importante que a paciente saiba que é uma minoria que comete assédio, não é a maioria. A grande maioria dos médicos, seja homens ou mulheres, têm uma relação muito boa com as pacientes. Segundo fator, elas não devem temer a consulta. A princípio, ir em médicos que sejam referenciados por amigas ou colegas, até por outros médicos, porque normalmente são indicações que correspondem a maior segurança. Acredito que esse seja o caminho ideal.

Em casos de consulta com crianças e adolescentes, a orientação é que a mãe acompanhe a filha na sessão? Como funciona?
Sim, em casos de crianças, a mãe ou o pai sempre tem que acompanhar a menina na consulta. Já com adolescentes, o ideal é que cada uma venha acompanhada do pai ou mãe e, logo depois, eu libero a adolescente para ser consultada sozinha caso deseje. Portanto, eu sempre pergunto a jovem na frente da mãe se ela quer ficar sozinha, ou se a mãe se incomoda de sair caso a adolescente queira, porque também acontece da paciente querer conversar coisas com a gente sem o desejo que a mãe ouça. Mas, com crianças, sempre acompanhada durante toda a consulta.

Infelizmente casos de assédio acabam sendo recorrente na vida da mulher. Quais são as suas considerações sobre essa realidade?
É importante saber que essa não é a realidade. Existem casos de assédio, sim. Mas existem milhares de médicos ginecologistas atendendo e o que acontece de assédio é uma minoria. Segundo, é importante que a mulher se instrua do que é um exame ginecológico, porque já vi casos de pacientes dizerem que houve assédio pelo médico informar para relaxar, pois iria passar o espéculo – e isso a gente fala com todas as pacientes. Ou foi um assédio porque houve dedo na vagina, mas o toque vaginal inclui a utilização do dedo. Então, é muito importante que a paciente saiba o que é um exame ginecológico para que consiga diferenciar o que é um assédio ou um exame comum. E mesmo sendo minoria, a mulher deve denunciar os casos nos Conselhos Regionais de cada estado se acontecer.

Foto: Reprodução

 

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