A plataforma de RNA mensageiro, inaugurada no imunizante contra a Covid-19, pode despontar como um meio de ajudar pacientes com o mais grave tipo câncer de pele, o melanoma. Em um estudo de fase 2, a combinação de um imunoterápico com uma vacina com a tecnologia produzida pelas empresas Moderna e Merck alcançou redução de 65% no risco de metástases ou morte em comparação com pessoas que fizeram uso apenas do medicamento. Os resultados foram divulgados na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), o evento mais importante de oncologia do mundo, realizado em Chicago, nos Estados Unidos.
O estudo foi realizado com 157 pacientes com quadros graves da doença, nos estágios III e IV, que têm risco aumentado de apresentar metástases em outras partes do corpo e recidiva (retorno dos tumores). No estágio III, a taxa de sobrevida em cinco anos é de 60,3% e o índice cai para 16,2% no estágio IV. A estratégia de tratamento testada foi usada como adjuvante, ou seja, após a realização da abordagem inicial para a doença – neste caso, cirurgia -.
“Estamos entusiasmados por compartilhar esses resultados com a comunidade oncológica e emocionados ao ver um resultado tão excepcional na recorrência ou morte de melanoma distante. A redução no risco de recorrência distante ressalta o potencial da terapia com neoantígenos”, disse, em nota, Kyle Holen, vice-presidente sênior e chefe de desenvolvimento, terapêutica e oncologia da Moderna.
O ensaio foi feito com a vacina de RNA mensageiro-4157 (V940), uma terapia que age preparando o sistema imunológico para atacar as células cancerígenas com foco em mutações específicas do tumor presente no paciente. O keytruda, por sua vez, é um tipo de imunoterapia que aumenta a capacidade do sistema imune de detectar e eliminar as células tumorais.
Diante dos achados, as empresas pretendem avançar para o estudo de fase 3 ainda neste ano e iniciar testes com outros tumores, entre eles, o câncer de pulmão de células não pequenas. Sobre este tipo de câncer, em estudo também apresentado na Asco, o medicamento osimertinibe (de nome comercial Tagrisso) se mostrou eficaz como adjuvante. A taxa de sobrevida global em cinco anos, considerada padrão-ouro para análise de eficácia, foi de 88% no grupo tratado com o medicamento e de 78% entre os que receberam placebo. Em relação ao risco de morte, o índice foi 51% menor para os que receberam a droga.
Câncer grave
O melanoma é considerado o tipo mais grave de câncer de pele e ocorre quando há um crescimento descontrolado das células responsáveis pela produção de pigmento. Os índices da doença estão aumentando e, em 2020, foram diagnosticados 325 mil novos casos no mundo.
Para evitar a doença, é importante não fazer exposição prolongada ao sol no horário das 10h às 16h, usar protetor solar e proteger a pele com roupas e chapéus de abas largas.
A lesão se manifesta com o aparecimento de uma pinta escura com bordas irregulares que manifesta descamação e coça. Também é preciso ter atenção quando ocorre alterações em pintas pré-existentes, como mudança na coloração, aumento do tamanho e irregularidade nas bordas. Para facilitar a identificação, é possível utilizar um método conhecido como ‘ABCDE’ Veja abaixo:
Como usar o ABCDE do melanoma
- A de Assimetria: é preciso observar se a pinta é simétrica ou não. A lesão é dividida em quatro partes, passando uma linha na horizontal e outra na vertical. Compara-se a parte de baixo com a de cima e direita com esquerda, ou seja, caso tenha tamanhos diferentes e/ou formato irregular, é suspeita.
- B de Borda: as bordas das pintas devem ser regulares e lisas. Se houver irregularidades, também podem ser indício da doença.
- C de Cor: as pintas que apresentam cores diferentes, como vermelho, branco, preto, tons cinza-azulados, ou mesmo mais de uma cor, são suspeitas.
- D de Diâmetro: os sinais devem ter menos de 6 milímetros de diâmetro. Quanto maior o tamanho, maior o risco.
- E de Evolução: qualquer sinal de evolução, seja o aumento no tamanho, mudança na cor, seja no formato da pinta, é preciso buscar um dermatologista.
Fonte: Veja