Tomografia do pulmão pode ser incluída no calendário do SUS; entenda a importância

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O INCA estima mais de 32 mil novos casos de câncer de tranqueia, brônquios e pulmão em 2023 no país. E o cigarro é o principal fator de risco.

Para tentar reverter esse quadro, as sociedades de cirurgia torácica, de pneumologia e de radiologia estão indicando, pela primeira vez, um exame periódico para rastreamento de câncer de pulmão, assim como já é feito com o câncer de mama e o de próstata: a tomografia de baixa dosagem de radiação do tórax.

A recomendação para fazer esse exame uma vez por ano vale para quem tem entre 50 anos e 80 anos e que seja fumante ou tenha parado de fumar há menos de 15 anos. Segundo os médicos, estudos apontaram que o diagnóstico precoce pode diminuir em cerca de 20% as mortes por câncer de pulmão.

Para falar deste assunto entrevistamos Para falar deste assunto entrevistamos o cirurgião torácico do Hospital Aristides Maltez (HAM), Ivan Campinho.

1. Os dados principalmente relacionados ao câncer de pulmão são preocupantes?

– Excluindo o câncer de pele, o câncer de pulmão é o terceiro mais frequente entre homens e o quarto entre as mulheres no Brasil. No entanto, devido aos poucos sintomas nas fases iniciais, a doença acaba diagnosticada, na grande maioria dos casos, em estágios mais avançados, o que o torna o segundo câncer que mais provoca mortes em ambos os sexos.

2. Quais os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer e outras doenças que acometem o pulmão?

– O câncer de pulmão está diretamente ligado ao consumo do cigarro e todos os dispositivos de fumo que existem por aí. Porém, devido a fatores genéticos, exposição à poluição atmosférica e tabagismo secundário, a doença em pessoas que nunca fizeram uso de cigarro é cada vez maior.

3. O cigarro é o grande vilão?

– O tabagismo é o principal fator de risco para a doença (responsável por mais de 80% dos casos). É importante ter em vista que fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença.

4. Quais sinais de alerta que o paciente deve se preocupar?

– Os primeiros sintomas são tosse persistente, saída de sangue na tosse, falta de ar, dor no peito, rouquidão e rápida perda de peso e apetite.

5. Quais os exames rastreadores para o câncer de pulmão?

– O rastreio do câncer de pulmão é feito anualmente com tomografia de baixa dose de radiação. O procedimento é rápido, não necessita de preparo e não utiliza contraste oral ou endovenoso.

6. O Ministério da Saúde já vê a possibilidade de incluir a tomografia de pulmão no calendário do SUS, o que você acha?

– Infelizmente, somente cerca de 20% dos casos de câncer de pulmão são passíveis de tratamento cirúrgico. A grande maioria, entre 80% e 90% dos casos, não pode ser operado por causa da extensão da doença, já descoberta em estágio avançado, ou da condição clínica do paciente. Nesse contexto, o rastreamento torna-se um grande aliado na busca pela cura e é essencial para o diagnóstico precoce, quando a cirurgia garante boas chances de cura do câncer.

7. O SUS vem rastreando bem o aparecimento do câncer de pulmão?

– Atualmente, não existe um programa oficial de rastreamento do câncer de pulmão no SUS.

8. Uma vez detectado o câncer qual a melhor terapêutica?

– O tratamento cirúrgico precoce é a forma mais eficaz de cura do câncer de pulmão. Porém, a depender do estágio da doença e das condições clínicas do paciente, uma combinação de tratamento cirúrgico com quimioterapia pode ser muito eficaz também.

9. O que o paciente deve evitar se há suspeita de câncer de pulmão?

– Cessar o tabagismo é a medida n°1. Além disso, sempre que possível, evitar locais com muita fumaça e poluição, sempre manter a casa limpa e arejada, buscar áreas mais verdes e afastadas de grandes centros para aproveitar momentos de lazer e usar máscara de proteção em caso de sintomas.

10. O cigarro eletrônico também é nocivo?

– O uso do vape pode trazer inúmeros danos à saúde respiratória, como: câncer, doenças inflamatórias e até fibrose pulmonar. O uso desse tipo de cigarro está fortemente ligado ao surgimento de doenças cardiovasculares e distúrbios neurológicos.

11. Ter uma vida, saudável, não fumar e fazer atividades físicas são quesitos que contribuem para manter a saúde pulmonar?

– Não fumar ainda é a melhor maneira de se prevenir. No entanto, manter um estilo de vida saudável, evitar o tabagismo passivo e ambientes com alta incidência de compostos tóxicos é bastante importante.

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