A vacina contra a dengue conhecida como Qdenga foi incorporada no Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Ministério da Saúde, e a previsão é que comece a ser oferecida gratuitamente a partir de fevereiro.
Com essa iniciativa, o Brasil se torna o primeiro país do mundo a disponibilizar o imunizante no sistema público de saúde. Em clínicas privadas, a Qdenga também está disponível em países da União Europeia, Indonésia, Tailândia e Argentina. No entanto, a oferta em larga escala ainda não é possível devido à capacidade restrita de fornecimento de doses pela farmacêutica Takeda Pharma, responsável pela fabricação da vacina.
A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue, que foram enfraquecidos de forma controlada. Essa técnica permite desencadear uma resposta imunológica eficaz sem causar a doença completa, possibilitando uma reação mais rápida do corpo em casos de exposição real à doença.
A vacina deve ser administrada em um esquema de duas doses, com intervalo de 3 meses.
A dengue possui quatro sorotipos, e quando alguém é infectado por um deles, adquire imunidade contra aquele tipo específico, mas ainda fica suscetível aos demais.
Embora a empresa responsável pela vacina tenha divulgado uma eficácia global de 80%, esse percentual engloba os resultados de todos os sorotipos.
Ao analisá-los individualmente, a eficácia do imunizante variou para cada sorotipo.
Passados 18 meses após a segunda dose, para o tipo 1, a taxa foi de 69,8%. Para a dengue 2, o melhor resultado, de 95,1%, e para o subtipo 3, o menos satisfatório, de 48,9%. Em relação ao subtipo 4, a Takeda afirmou à BBC News Brasil que a quantidade de casos testados não foi suficientemente alta para chegar a uma conclusão.
O início da vacinação será direcionado a públicos e regiões prioritárias, com a escala baseada na incidência de casos da doença, conforme indicado pelo Ministério da Saúde. As doses podem ser administradas em pessoas de quatro a 60 anos, mesmo sem histórico prévio de dengue, marcando uma mudança significativa em relação à última vacina aprovada no Brasil, a Dengvaxia, que exigia uma infecção prévia como pré-requisito.
No último mês de dezembro, o Ministério da Saúde divulgou um boletim que revelou um aumento de 15,8% nos casos de dengue no Brasil em 2023, em comparação ao ano anterior. As ocorrências subiram de 1,3 milhão em 2022 para 1,6 milhão. No mesmo ano, o país registrou o maior número de mortes por dengue em um único ano, conforme revelado pelo painel de monitoramento das arboviroses do Ministério da Saúde. Até o dia 27 de dezembro, foram confirmados 1.079 óbitos, enquanto outros 211 estão em processo de investigação, aguardando resultados.