Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que os índices de obesidade e sobrepeso quase triplicaram desde 1975, afetando globalmente pelo menos 650 milhões de adultos. No Brasil, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde de 2020, um em cada 4 indivíduos maiores de 18 anos é obeso, totalizando cerca de 41,2 milhões, enquanto mais da metade, 96 milhões, apresenta excesso de peso (sobrepeso e obesidade).
As causas da obesidade envolvem fatores biológicos, históricos, ecológicos, econômicos, sociais, culturais e políticos, culminando em uma doença crônica crescente. A alteração do padrão alimentar, com menos alimentos in natura e mais ultraprocessados, somada aos hábitos sedentários impulsionados pelo uso excessivo de telas, contribuem significativamente para essa realidade. Tanto o sobrepeso quanto a obesidade são fatores de risco para diversas enfermidades, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e câncer, além de gerarem estereótipos e discriminação social. Aspectos sociais e psicológicos do indivíduo também são impactados, indo além da questão física.
Diante da influência de fatores biológicos e contextuais na obesidade, são necessárias ações estruturantes e políticas públicas para promoção da saúde, prevenção do ganho de peso excessivo, diagnóstico precoce e cuidado adequado. Isso inclui políticas intersetoriais que promovam ambientes e cidades saudáveis. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Primária à Saúde (APS) desempenha papel fundamental no cuidado à obesidade. Identificando e acolhendo pessoas com obesidade nas Unidades Básicas de Saúde, a equipe multiprofissional realiza acompanhamento e encaminhamentos para a Atenção Especializada. O atendimento na APS inclui ações de promoção da saúde e a identificação de pessoas com obesidade pelos agentes comunitários e profissionais de saúde, priorizando abordagens individualizadas e integrais.
O SUS trata a obesidade como fator de risco e doença, sendo o Manual de Atenção às Pessoas com Sobrepeso e Obesidade na APS uma ferramenta orientadora para gestores, equipes e profissionais de saúde. O manual destaca a importância de práticas como alimentação saudável, atividade física regular, acolhimento emocional e promoção da autoimagem.
