30% da população brasileira tem burnout; entenda a doença

Homem exausto no trabalho

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Segundo o estudo da International Stress Management Association (Isma), o Brasil ocupa o segundo lugar mundial em casos diagnosticados de Burnout, ficando atrás apenas do Japão, onde 70% da população enfrenta esse problema. A síndrome é caracterizada pelo esgotamento físico, emocional e mental decorrente do estresse crônico no trabalho – sendo designada como doença no ano passado.

A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) relata que cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome. Apesar do impacto significativo no bem-estar profissional, as questões legais relacionadas ao burnout nas empresas ainda demandam soluções apropriadas. Especialistas indicam que a condição enfrenta desafios para ser reconhecida, havendo falta de fiscalização e punição eficaz para os envolvidos, direta ou indiretamente. Alega-se que a doença é resultado do ambiente de trabalho, dificultando o reconhecimento direto da síndrome, cujos sintomas e doenças associadas se desenvolvem nas pessoas diagnosticadas. A ausência de responsabilização também é atribuída a causas variáveis e difíceis de serem abordadas judicialmente, como assédio moral, bullying entre colegas e metas rígidas impostas pela cultura empresarial.

O surgimento é associado principalmente à carga excessiva de trabalho, pressão intensa, assédio moral e um ambiente organizacional prejudicial. Estudos indicam uma correlação entre estilos de liderança e casos de Burnout, onde líderes com abordagens autoritárias e abusivas ampliam as chances de adoecimento dos colaboradores. No Brasil, uma pesquisa da Mindsight em março de 2022 revelou que 87% dos trabalhadores já enfrentaram lideranças que causaram algum tipo de desgaste mental, sendo mais frequente em líderes do sexo masculino.

Dentre os sintomas, o esgotamento mental e o cansaço persistente se revela nos estágios iniciais. Sob a constante demanda, o profissional experimenta uma queda na motivação para executar suas atividades, um sintoma que pode erroneamente parecer preguiça ou falta de empenho, quando, na realidade, reflete uma apatia decorrente da exaustão. Também pode ocorrer dores musculares, dor de cabeça frequente, tristeza excessiva e isolamento social.

Na esfera jurídica, a relação entre burnout e casos legais ainda é um grande desafio, uma vez que muitas ações judiciais não reconhecem a doença como condição médica, associando-a a categorias correlatas, como assédio ou danos morais. Sem a criação de espaços de diálogo nas organizações para tratar do assunto e promover a segurança psicológica, os casos de burnout tenderão a aumentar. Perguntas sobre a garantia do emprego e a possibilidade de compartilhar diagnósticos de saúde mental precisam ser enfrentadas para evitar um aumento contínuo nos diagnósticos da síndrome.

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