Para bebês de 6 a 11 meses que não são amamentados com o leite materno, a Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que essas crianças podem ser alimentadas com leite de vaca integral, caso as fórmulas infantis não estejam disponíveis. Antes disso, o uso de leite animal segue proibido.
O novo entendimento sobre a segurança do leite de vaca para os pequenos que não recebem leite materno está presente na última atualização do Guia para alimentação complementar de bebês e crianças de 6 a 23 meses de idade, divulgado nas últimas semanas.
Vale explicar que, para esta faixa etária, o leite é um alimento rico nutricionalmente, independente da origem. “Os leites animais são uma fonte importante de nutrientes essenciais, incluindo proteínas, cálcio, riboflavina, potássio, fósforo, magnésio e zinco”, acrescenta a OMS. A bebida estimula o crescimento e o ganho de massa óssea também.
Leite de vaca para bebês?
“Para bebês de 6 a 11 meses que são alimentados com outros leites além do materno, tanto a fórmula láctea [infantil] quanto o leite animal [integral] podem ser usados”, explica a OMS. Alguns produtos lácteos e iogurte natural, sem adoçantes, também podem ser oferecidos nesse contexto.
Só que, hoje, a preferência para alimentação desses pequenos é a fórmula infantil, quando não podem mamar o leite diretamente do peito da mãe. A questão é que nem todas as crianças vão ter acesso a essas fórmulas, com custo elevado. Outro problema é a falta de água potável para o preparo, o que pode implicar em casos de diarreia e desnutrição. É nestas condições que o leite de vaca pode ser indicado.
Até então, isso não era autorizado devido aos riscos à saúde dos bebês, como a possibilidade de sangramentos intestinais e perda de ferro (anemia). No entanto, o entendimento é que “as perdas de sangue oculto em crianças de 6 a 11 meses são muito pequenas e, provavelmente, não afetarão o nível de ferro”, afirmam os autores.
Recomendação no Brasil
No Brasil, as diretrizes da alimentação de bebês são estipuladas a partir do Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, desenvolvido pelo Ministério da Saúde. As conclusões são parecidas, mas não iguais.
“Na impossibilidade de relactação [sem a produção de leite materno], a recomendação é a de que as crianças recebam fórmula infantil”, orienta o texto. “O uso de leite de vaca antes de 9 meses não é recomendado, mas é considerado em função do elevado consumo na população brasileira e deve ser avaliado por um profissional de saúde”, acrescenta.
Nesse contexto de exceção, o entendimento é que o leite de vaca e os seus derivados podem ser oferecidos para bebês com mais de 6 meses, só que em pequenas quantidades e, preferencialmente, em receitas caseiras, como purê de batata
Novamente, apenas o leite integral pode ser oferecido. “O leite desnatado e semidesnatado não são indicados para crianças menores de 2 anos, porque possuem menor quantidade de gordura e ela é importante para o desenvolvimento neurológico da criança”, afirma o Guia.
Após os 12 meses, o uso de leite de origem animal pode ser oferecido sem restrições para as crianças que não mamam — isto segundo a OMS e o Ministério da Saúde. Neste momento, as famílias podem parar de oferecer a fórmula infantil na dieta dos pequenos.
Fonte: OMS e Ministério da Saúde