Segundo estudo conduzido por pesquisadores do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, mulheres apresentam uma probabilidade maior de morrer por infarto agudo do miocárdio em comparação com os homens. Os dados foram obtidos a partir de registros médicos eletrônicos dos últimos dez anos da TriNetX – rede global que compartilha informações clínicas para a produção de evidências científicas. Esta rede abrange mais de 250 milhões de pacientes maiores de 18 anos, de ambos os sexos, atendidos em 120 hospitais distribuídos por 19 países.
O infarto geralmente ocorre quando as artérias coronárias, responsáveis por transportar sangue rico em oxigênio e nutrientes para o coração, ficam obstruídas, prejudicando o funcionamento adequado do órgão. Essa crise cardíaca aguda, potencialmente fatal, muitas vezes é desencadeada por uma série de fatores que se acumulam ao longo de anos ou décadas, incluindo doenças crônicas, comportamentos e mudanças no estilo de vida, como consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo, sono inadequado, além de características individuais e familiares.
O estudo destaca que as mulheres, além dos tradicionais fatores de risco cardiovascular, como pressão alta, diabetes, sedentarismo e excesso de peso, apresentam com maior frequência fatores não tradicionais, como estresse mental e depressão – ainda decorrente de fatores como o machismo estrutural, sobrecarregando a sua rotina com diversos afazeres. Elas também sofrem as consequências das desvantagens sociais relacionadas à raça, etnia e renda.
Portanto, o estudo destaca além dos gatilhos clássicos do infarto, as mulheres enfrentam uma maior influência de questões relacionadas à saúde mental. Esses aspectos psicológicos representam um ônus adicional para um coração que já está sobrecarregado. Estudos, como um realizado na Universidade Emory, nos Estados Unidos, evidenciam que a taxa de ataques cardíacos associados ao estresse é o dobro no público feminino em comparação com o masculino.