Com estudos amplos sobre o tratamento da depressão, dois pacientes receberão implantes de um aparelho de estimulação do nervo vago para tratar depressão resistente, a ação é novidade no Brasil.
A terapia, que já historicamente vinha sendo usada em pacientes com crises epilépticas, tem como intuito em estimular diretamente o cérebro e, dessa forma, o implante ativa o nervo vago – que envia sinais elétricos ao órgão, afetando os neurotransmissores e as áreas cerebrais associadas ao humor.
O bom desempenho das pesquisas levaram à autorização do uso do dispositivo em pacientes com depressão resistente nos Estados Unidos, na Inglaterra, e, dessa vez, no Brasil — o terceiro país a oferecer a alternativa de tratamento.
As cirurgias estão previstas para ocorrer ainda hoje (11/8) e serão conduzidas por Knoner Campos no Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis (SC). Conforme o médico, a chance de resolução é muito grande conforme os estudos divulgados.
“O que se observou nos pacientes que tinham crises de epilepsia e também sofriam com depressão é que ambos os quadros acabavam melhorando com o uso dos implantes. E aí começou-se a estudar quais seriam os mecanismos do sistema nervoso em que poderiam explicar aquela melhora”, afirma o médico Wuilker Knoner Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Como funciona
Para compreender como o implante age contra a depressão, é fundamental explorar as funções influenciadas pelo nervo vago — alvo do tratamento. Este nervo, que se estende do crânio aos órgãos abdominais, desempenha um papel vital na regulação de diversas funções orgânicas, incluindo coração, pulmões e intestino.
A forma como o aparelho estimulador é implantado se assemelha muito à do popular marca passo. Na cirurgia, uma incisão é feita para colocá-lo sob a pele abaixo da clavícula esquerda ou próximo da axila esquerda. Em seguida, uma segunda incisão é realizada no pescoço para fixar três pequenos eletrodos ao nervo vago esquerdo, e esses eletrodos são ligados ao gerador por um condutor sob a pele.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil