O fígado é o maior órgão interno do corpo, pesando cerca de meio quilo e desempenha mais de 500 funções diferentes, incluindo a produção de bile para a digestão de gorduras, a síntese de proteínas como a albumina (responsável pela pressão sanguínea), o armazenamento de energia, o controle da coagulação sanguínea, além da desintoxicação e neutralização de toxinas.
“O fígado é a usina do corpo humano”, afirma Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião especialista em fígado e aparelho digestivo, Diretor do Instituto do Fígado Américas. Ele rebate as alegações de dietas, receitas ou suplementos que prometem desintoxicar o fígado em curto prazo, assegurando que “não existe detox do fígado”. Ferraz Neto esclarece que é o próprio fígado que realiza seu detox, desmentindo informações na internet que propagam fórmulas e dietas como meio de limpeza hepática, categorizando tais afirmações como fake news.
Apesar disso, reconhece que há práticas para melhorar a saúde e apoiar uma função hepática saudável. Considerando esses aspectos, O Globo reuniu os principais mitos sobre detox do fígado e saúde hepática.
No tocante à ideia de que é necessário fazer detox do fígado para auxiliar na recuperação de excessos de álcool ou alimentos não saudáveis, Ferraz Neto afirma que para uma pessoa com fígado saudável, não é preciso adotar medidas específicas, exceto evitar sobrecarregá-lo com comidas pesadas e bebidas alcoólicas após festas.
Ele ressalta que para um fígado saudável a probabilidade de não se recuperar após abusos durante eventos festivos é mínima, pois o órgão possui a capacidade de se regenerar e restabelecer sua condição normal. No entanto, destaca a importância de check-ups regulares, pois muitas pessoas com doenças hepáticas crônicas desconhecem sua condição.
Quanto à crença de que é necessário ficar três dias sem beber para o desintoxicar, o especialista ressalta que em casos de excessos consideráveis, uma abstinência de pelo menos sete dias deve ser realizada. Ele explica que o fígado possui a capacidade de se recuperar mas é necessário proporcionar tempo para esse processo. Caso persista a agressão, especialmente com o álcool, podem ocorrer situações graves, como a hepatite aguda alcoólica, impactando as transaminases TGO e TGP.