Os casos de sífilis no país aumentaram em 32% entre 2020 e 2021, alcançando o maior número de notificações em 70 anos e tornando-se a Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais prevalente no período.
A epidemia não demonstra sinais de desaceleração, alertaram os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A sífilis congênita, transmitida de mãe para filho durante a gravidez, avançou de maneira particularmente acentuada, registrando um aumento de 32%, assim como as infecções em geral, entre 2020 e 2021, apresentando riscos significativos à saúde dos bebês.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em outubro de 2023 mostram que, de 2021 para 2022, a taxa de detecção de casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes cresceu 23%, passando de 80,7 casos por 100 mil habitantes em 2021 para 99,2 casos por 100 mil habitantes em 2022. A sífilis adquirida, contraída durante a vida, teve um aumento constante de detecção no Brasil de 2012 a 2022, com exceção de 2020, provavelmente devido à redução de diagnósticos durante a pandemia de COVID-19. A detecção da infecção em gestantes também aumentou no país no ano passado, indo de uma taxa de 28,1 casos a cada mil nascidos vivos em 2021 para 32,4 casos a cada mil nascidos vivos em 2022, representando um aumento de 15% em relação ao ano anterior.
A incidência congênita permaneceu estável. O Ministério anunciou a compra de um novo teste rápido para detectar simultaneamente infecções por sífilis e HIV, que será distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), inicialmente para grupos de maior risco. Além disso, para conter a doença, o órgão afirmou que intensificará o preparo de profissionais de saúde para a prevenção.
O governo federal estabeleceu como meta controlar ou eliminar, até 2030, 14 doenças com elevada incidência em regiões de maior vulnerabilidade social, incluindo a sífilis. Outro objetivo é eliminar particularmente a sífilis congênita. O cenário mundial está deixando muitos profissionais e pesquisadores de saúde alarmados.
No Brasil, em 2022, 61,3% dos casos de sífilis adquirida foram notificados em pessoas do sexo masculino, destacando-se nas faixas etárias de 20 a 29 anos e 30 a 39 anos. A chamada razão de sexos — homens com sífilis para cada dez mulheres — aumentou de 0,6 (seis homens para cada dez mulheres) em 2012 para 0,8 (oito homens para cada dez mulheres) em 2022. Nesse caso, são contabilizados também os casos em gestantes, o que aumenta a participação das mulheres no total de casos. Algumas partes do mundo, no entanto, estão registrando uma diminuição entre os homens, como no Canadá.