O consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez pode comprometer o desenvolvimento cerebral do feto e provocar o Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF), segundo estudo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), divulgado pela Agência Brasil nesta quarta-feira (4). A pesquisa confirma que a exposição ao etanol — substância presente nas bebidas alcoólicas — afeta diretamente a formação e o funcionamento das redes neurais, gerando prejuízos físicos, mentais e comportamentais irreversíveis.
O levantamento, realizado por cientistas do Laboratório de Bioinformática e Neurogenética da PUCPR, revelou que o etanol altera a organização da cromatina, estrutura que compacta o DNA nas células. Essa interferência prejudica o desenvolvimento cerebral, afetando especialmente a construção de redes neurais responsáveis por funções cognitivas e comportamentais. Em muitos casos, os sintomas apresentados pelas crianças são confundidos com os do autismo, o que dificulta o diagnóstico correto do TEAF.
Dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) mostram um aumento no consumo excessivo de álcool entre mulheres. Entre 2010 e 2023, o percentual subiu de 10,5% para 15,2%. Já entre os homens, o índice se manteve estável, passando de 27% para 27,3%. Na população geral, houve crescimento de 18,1% para 20,8%. Os especialistas alertam que não existe uma quantidade segura de álcool durante a gestação, o que reforça a recomendação de evitar completamente o consumo nesse período.