Brandon de Oliveira, um jovem brasileiro de 15 anos, enfrenta desafios acadêmicos e emocionais em Portugal devido à demora na formalização de seu diagnóstico de autismo. Natural de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, ele reside há mais de cinco anos no país, onde estuda na Escola Secundária de Castelo de Paiva. No entanto, a ausência de um laudo oficial tem impedido a implementação de adaptações pedagógicas fundamentais para seu desempenho escolar, afetando sua motivação e bem-estar emocional.Burocracia impede suporte essencial para autistas
Diagnosticado no Brasil, Brandon buscou validar sua condição em Portugal há um ano, como exigido pelo sistema de saúde local. Durante uma consulta com um especialista português, houve o reconhecimento verbal de sua condição, mas, até o momento, o laudo oficial não foi elaborado e nem enviado à escola. Sem esse documento, ele continua sem acesso ao suporte educacional necessário, como medidas de adaptação curricular e avaliações diferenciadas.
A falta desse reconhecimento tem gerado impactos diretos em seu desempenho acadêmico. Suas notas em disciplinas como educação física, educação visual e participação estão abaixo da média, prejudicando seu objetivo de ser o melhor aluno da turma. Essas áreas são frequentemente desafiadoras para pessoas no espectro autista, pois envolvem habilidades motoras, sociais e sensoriais que podem ser afetadas por características típicas do TEA (Transtorno do Espectro Autista).
A frustração de um aluno exemplar
Antes um estudante motivado e de alto desempenho, Brandon agora enfrenta um quadro de desmotivação e isolamento. A frustração por não conseguir alcançar suas expectativas acadêmicas tem levado o adolescente a passar longas horas dormindo e se afastando das atividades escolares.
Seu caso exemplifica a importância do reconhecimento do autismo dentro do ambiente educacional. O desempenho reduzido em certas disciplinas não deve ser interpretado como falta de esforço ou comprometimento, mas sim como um reflexo das dificuldades inerentes ao TEA. A ausência de adaptações específicas agrava essa situação, prejudicando tanto sua autoestima quanto seu rendimento escolar.
Contribuição para pesquisas sobre autismo
Apesar dos desafios, Brandon continua ativo na comunidade autista e é membro do RG-TEA, um grupo que desenvolve pesquisas sobre o autismo. Ele colabora com estudos genéticos e comportamentais, contribuindo para o avanço da compreensão científica sobre o TEA.
A história de Brandon reflete um problema recorrente entre imigrantes neurodivergentes: a dificuldade no reconhecimento de diagnósticos médicos estrangeiros e a morosidade burocrática na implementação de medidas inclusivas. Seu caso levanta um debate essencial sobre a necessidade de processos mais ágeis e eficazes no sistema educacional português para garantir que estudantes autistas recebam o suporte adequado e não sejam prejudicados por barreiras administrativas.
Enquanto aguarda a formalização de seu diagnóstico, Brandon segue tentando encontrar motivação para superar as dificuldades impostas por um sistema que ainda precisa evoluir para ser verdadeiramente inclusivo.