HIV: 17% das pessoas com o vírus ainda não fazem o tratamento

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Com o objetivo de reduzir as infecções pelo HIV e evitar mortes em decorrência de doenças associadas à infecção, países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se comprometeram, em 2021, com um conjunto de ações.

Entre as políticas, estão as metas 95-95-95, que têm como objetivo que 95% das  pessoas que vivem com HIV sejam diagnosticadas, 95% desses indivíduos recebam o tratamento antirretroviral e  95% dos que estão em tratamento tenham a carga viral suprimida, fator que aumenta a qualidade de vida e reduz o risco de transmissão.

Das três frentes propostas, o Brasil cumpre apenas a última.

De acordo com o novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), o país tem cerca de 990 mil pessoas vivendo com HIV. Dessas, 88% conhecem o seu status sorológico, sendo que 83% estão em tratamento e 95% destas têm o vírus controlado.

Os óbitos relacionados ao HIV caíram no Brasil nos últimos anos, mas ainda acontecem. Só em 2021, foram 11 mil mortes, informa o Ministério da Saúde.

E, nos últimos dez anos, mais de 50 mil  jovens infectados entre os 15 e 24 anos evoluíram para a síndrome da imunodeficiência adquirida, a aids, consequência da infecção.

O país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV.

“Precisamos entender quais são os mais vulneráveis. Não chegamos a essa população em parte devido ao estigma, à dificuldade de acesso desses indivíduos aos serviços de saúde especializados e pela demora nesses serviços”, diz Jamal Suleiman, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, de São Paulo.

Prevenção

O relatório do Unaids aponta avanços no acesso ao tratamento e gargalos no contexto da prevenção.

Com o avanço científico, os cuidados para evitar a infecção pelo HIV ganharam novos aliados, como o uso de diferentes tipos de medicamentos.

A chamada profilaxia pré-exposição (PrEP) utiliza medicamentos para prevenir o contágio pelo vírus em duas modalidades: diária ou sob demanda.

Na primeira, é feito o uso diário de dois medicamentos antirretrovirais, chamados tenofovir e entricitabina.

A PrEP é indicada pelo Ministério da Saúde para qualquer pessoa em situação de possível exposição ao HIV, incluindo deixar de usar preservativo nas relações, uso repetido de profilaxia pós-exposição (veja abaixo), histórico constante de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e sexo sob o uso de substâncias químicas (chamado popularmente de chemsex).

Na modalidade sob demanda, o medicamento é o mesmo, o que muda é a forma de tomar. O indivíduo deve utilizar dois comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, 1 comprimido 24 horas após a dose inicial e outro comprimido 24 horas após a segunda dose.

O Ministério da Saúde recomenda a PrEP sob demanda para quem tenha relação sexual com frequência menor do que duas vezes por semana, e que consiga planejar quando ela vai acontecer.

Um terceiro esquema de prevenção consiste em um medicamento injetável, chamado cabotegravir, aprovado recentemente pela Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil.

“A primeira coisa que precisa cair é o estigma, por que quando o sujeito se entende como vulnerável, facilita a procura por esse tipo de estratégia. Passada essa barreira, ele tem que encontrar a acessibilidade do serviço. Também não adianta apenas inserir o sujeito em um primeiro momento e não fazer o acompanhamento”, afirma Suleiman.

A profilaxia pós-exposição (PEP) deve ser utilizada como recurso de urgência diante de uma exposição à infecção, dentro de 72 horas.

Entre as indicações estão: relações sem preservativo, eventual rompimento da camisinha, casos de violência sexual e de acidentes por profissionais de saúde.

O tratamento dura 28 dias, com o uso de antirretrovirais (tenofovir + lamivudina e dolutegravir) para reduzir os riscos de infecção.

Fonte: Veja

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