Um novo estudo sueco indica que o uso de alguns antidepressivos pode agravar o quadro de demência em pacientes idosos. A pesquisa foi realizada junto a mais de 18 mil indivíduos.
Segundo a Folha de S. Paulo, os resultados indicam que os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS, do inglês “selective serotonin reuptake inhibitors”), como o escitalopram, estão associados a uma aceleração do declínio cognitivo.
No estudo, os autores destacam que alguns pacientes recebem a prescrição desses medicamentos para tratar sintomas comportamentais e psicológicos da demência, os quais podem ser confundidos com episódios depressivos. Para esses casos, o estudo desaconselha o uso dos remédios, pois o tratamento não estaria direcionado à causa subjacente dos sintomas.
Os resultados foram obtidos a partir de uma pesquisa com dados de quase 19 mil pessoas, com idade média de 78 anos, incluídas em uma coorte. Todos os participantes, recém-diagnosticados com demência, receberam a prescrição de antidepressivos pela primeira vez até seis meses antes do diagnóstico da doença. Eles foram monitorados entre 2007 e 2018, com avaliações de sua função cognitiva por meio de exames realizados, em média, a cada quatro anos.
Estudos anteriores já haviam buscado avaliar a segurança do uso de antidepressivos em pacientes com quadros de neurodegeneração. Algumas pesquisas sugerem um impacto positivo desses medicamentos na redução dos biomarcadores da demência, embora os resultados até então fossem inconsistentes.
Os pesquisadores também constataram que há maior risco de fraturas e mortalidade geral entre pacientes com demência que utilizaram essa classe de antidepressivos. Entre as limitações do estudo, os pesquisadores apontam que a análise pode ter sido subdimensionada. A gravidade da demência em cada paciente pode contribuir individualmente para o declínio cognitivo, sem que se possa atribuí-lo com certeza ao medicamento.
Com informações da Folha de S. Paulo.