O Governo Federal inaugurou recentemente a unidade fabril da Hemobrás, empresa pública de hemoderivados e biotecnologia, no município de Goiana, Pernambuco. É um marco para o início das operações do parque industrial da estatal, que já distribuiu e passará a produzir o Fator VIII Recombinante (Hemo-8r), utilizado no tratamento da Hemofilia A.
A inauguração tem forte impacto na geração de empregos da região, com previsão de 2 mil novos postos de trabalho, sendo 1,4 mil diretos e 600 indiretos. O processo de nacionalização do Hemo-8r ocorreu a partir de uma parceria com a empresa japonesa Takeda para transferência de tecnologia e segue um cronograma de implementação. Ainda neste ano, começa o processamento do produto, rotulagem e embalagem local. O cronograma culmina na produção brasileira dos insumos, chamados de IFA, em dezembro de 2025. Todas as etapas serão submetidas à análise prévia da Anvisa.
Toda a demanda do SUS será atendida pela Hemobrás
A Hemofilia é uma condição genética rara que afeta a coagulação do sangue, resultando na falta de proteínas necessárias para essa função. No caso da Hemofilia A, o fator sanguíneo deficiente é o Fator VIII. Atualmente, o Brasil é o quarto país com mais hemofílicos do mundo, com cerca de 12 mil portadores da doença. O medicamento Hemo-8r, que será produzido pela Hemobrás, é crucial para o tratamento desses pacientes.
A produção ocorre por engenharia genética, utilizando a tecnologia do DNA recombinante a partir de células geneticamente modificadas que contêm o gene humano do Fator VIII de coagulação. A nacionalização da produção do medicamento trará benefícios significativos para os hemofílicos do Brasil, garantindo o acesso a um tratamento essencial para sua saúde e qualidade de vida, além do atendimento de 100% da demanda do SUS pela Hemobrás.
Estratégia do Complexo Econômico-Industrial da Saúde é fortalecer produção nacional
O investimento, que totalizou R$ 1,2 bilhão, representa o maior aporte em biotecnologia na área da saúde no Nordeste brasileiro até o momento. Essa iniciativa faz parte da estratégia nacional para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, com recursos provenientes do Novo PAC. A maior parte desses recursos já foi executada, consolidando a posição central da Hemobrás nesse contexto.
Além disso, ao nacionalizar a produção de insumos farmacêuticos, o país deve gerar uma economia anual de até USD 200 milhões, contribuindo para a sustentabilidade do SUS e para a redução da dependência externa de produtos médicos. Esse avanço visa reduzir a vulnerabilidade do SUS frente a emergências de saúde pública e fortalecer a cadeia produtiva nacional de alta complexidade.