Um estudo publicado na renomada revista científica The Lancet reforça que o aumento da carga tributária sobre os cigarros pode ter impacto direto na redução da mortalidade infantil, especialmente em países de baixa e média renda. De acordo com os pesquisadores, políticas tributárias rigorosas sobre o tabaco estão associadas a quedas significativas no número de mortes de bebês — tanto durante a gestação quanto nos primeiros anos de vida.
A análise, baseada em dados de diversos países ao longo de mais de uma década, concluiu que um aumento de 10% no preço final do cigarro — impulsionado por impostos — pode resultar na redução de até 50 mil mortes infantis por ano em escala global. O principal mecanismo para essa redução está na queda do consumo entre adultos, o que diminui a exposição de gestantes e crianças à fumaça tóxica do cigarro.
Os pesquisadores ressaltam que a exposição ao tabaco, seja no útero ou de forma passiva durante a infância, causa aproximadamente 200 mil mortes anuais de crianças menores de 5 anos no mundo, apesar de ser um fato completamente evitável.
A exposição ao tabagismo passivo no útero está relacionada a complicações como parto prematuro, baixo peso ao nascer e maior risco de mortalidade neonatal. Após o nascimento, crianças expostas à fumaça do cigarro enfrentam maior incidência de doenças respiratórias, infecções de ouvido e até morte súbita.
“O aumento de impostos sobre o tabaco não é apenas uma estratégia econômica. É uma política de saúde pública que salva vidas, especialmente as mais vulneráveis, como as de recém-nascidos”, afirma a médica sanitarista Denise Lopes, especialista em políticas públicas de controle do tabagismo.
Foto: Agência Brasil