Abandono disfarçado de acolhimento: o retrato cruel das ILPIs irregulares na Bahia

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O fechamento de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) , nesta segunda-feira (6), expõe uma ferida social que insiste em ser ignorada: o descaso com a velhice. O órgão classificou o local como “inabitável”, uma palavra que, sozinha, já revela o tamanho da negligência. Mas a questão vai muito além de um prédio interditado. Ela denuncia o quanto o país ainda falha em garantir um envelhecer digno e humano.

Não é de hoje que ILPIs — públicas e filantrópicas  funcionam em condições precárias, abrigando idosos em espaços sem ventilação, com alimentação inadequada e ausência de profissionais de saúde. A situação, infelizmente, não é exceção. É sintoma de um sistema que só enxerga o idoso como peso e não como pessoa com direitos.

O fechamento de uma instituição é, sim, necessário quando há risco à vida. Mas é também um sinal de que a fiscalização precisa ser contínua, não apenas reativa. Esperar a denúncia ou a tragédia para agir é perpetuar o ciclo de abandono. E o Estado, em todas as suas esferas, tem responsabilidade direta: seja pela ausência de políticas públicas de apoio à terceira idade, seja pela falta de incentivo à qualificação de cuidadores e fiscalização efetiva.

Também é preciso questionar a sociedade. Quantas famílias transferem seus idosos para instituições como quem se livra de um fardo? O envelhecimento é um processo natural e coletivo, mas o cuidado com quem envelhece parece ser visto como um incômodo particular.

Fechar uma ILPI é necessário quando ela fere a dignidade humana. Mas abrir os olhos para a realidade dos nossos idosos é ainda mais urgente. Porque o que está em jogo não é apenas o cumprimento de uma lei,  é o respeito à vida.

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