O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial (26 de abril), foi criado com o objetivo de alertar a população para a importância da doença, que teve um aumento de 3,7% entre os adultos nos últimos 15 anos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, os índices saíram de 22,6% em 2006 a 26,3% em 2021. O relatório mostra ainda um aumento na prevalência do indicador entre os homens, variando 5,9% para mais. Houve aumento também entre as mortes. Em 2011, foram 23.233 mortes por hipertensão. Em 2021, esse número subiu para 39.964, o que representa um aumento de 72%.
De acordo com o cardiologista Nivaldo Filgueiras, que é vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e conselheiro do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a data é uma oportunidade de ressaltar que manter hábitos saudáveis como o consumo de alimentos balanceados e a realização de atividades físicas diárias podem contribuir para a prevenção e redução dos fatores de risco da hipertensão arterial. A doença pode causar o enfraquecimento do coração, doença renal crônica, doenças da aorta, hemorragias oculares e, além disso, acarretar Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A adoção de hábitos saudáveis é ainda mais importante, diante dos dados levantados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Segundo a ferramenta, de 2010 a 2020, foram registradas 551.262 mortes por doenças hipertensivas, sendo 292.339 em mulheres e 258.871 em homens.
Segundo o cardiologista, o problema, popularmente conhecido como pressão alta, pode acometer crianças, adolescentes, adultos e idosos de ambos os sexos. A doença provoca o estreitamento das artérias e faz com que o coração precise bombear o sangue com cada vez mais força para impulsioná-lo por todo organismo e depois recebê-lo de volta. Uma pessoa é considerada hipertensa quando a sua pressão arterial apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9.
“É um processo que ocasiona a dilatação do coração, danifica as artérias e, consequentemente, acaba favorecendo a ocorrência de ataques cardíacos e derrames cerebrais”, aponta.
O cardiologista indica ainda que fatores como a obesidade, o sedentarismo, tabagismo, estresse e hábitos alimentares inadequados como ingestão elevada de álcool, sal e gordura lideram o ranking dos principais fatores de risco que favorecem o aumento da pressão arterial.
A mudança do estilo de vida está diretamente relacionada à redução dos níveis da pressão arterial. “ Um dos principais vilões é o sal, que é a principal fonte de sódio, e está presente naturalmente em alguns alimentos. A população brasileira consome em média 12g de sal/dia, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Guia Alimentar do Ministério da Saúde é de 5g de sal/dia (= 1 colher de chá) o que corresponde aproximadamente 2,0 gramas de sódio”, explica o vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina.
Ele pontua ainda que o sódio também está nos alimentados enlatados, embutidos (salame, mortadela, presunto, salsicha), conservas, pipoca de microondas, macarrão instantâneo, pão francês, refrigerantes diet e zero, e até mesmo em alguns doces. “A informação da quantidade de sódio está presente nos rótulos, por isso é importante estar atento sempre antes de comprar ou consumir algum produto industrializado”, completa.
Nivaldo Filgueiras destaca a importância de uma alimentação saudável, que inclua frutas, legumes e verduras. “A adoção de um plano de vida saudável é a principal conduta para prevenir e tratar a hipertensão arterial. Prefira o consumo de alimentos naturais como frutas, verduras, legumes e cereais integrais, carnes magras, aves sem pele e peixes”, ressalta.
Diagnóstico
Já o cardiologista e diretor da Associação Bahiana de Medicina, Marcos Barojas, explica sobre como ocorre o diagnóstico da hipertensão. Segundo ele, o mesmo é feito basicamente por meio da medida da pressão arterial. “As maneiras mais comuns são aquelas realizadas nos consultórios com aparelhos manuais ou automáticos. Além disso, mas também pode ser confirmado por meio de aparelhos capazes de realizar aproximadamente 100 medidas de pressão em um período de 24 horas, o exame chamado MAPA”, explica o cardiologista.
O tratamento deve contar, além da correção de hábitos alimentares e do combate ao sedentarismo, na maioria dos casos, também é necessário que o paciente faça uso de medicamentos. “Ao tratarmos casos de pressão de alta, o objetivo é fazer com que a pressão arterial do indivíduo estabilize abaixo de 12 por 8”, enfatiza.
Um cuidado especial, de acordo com o cardiologista, pode ocorrer através da medida regular da pressão arterial, sobretudo, na terceira idade. “Isso é necessário, porque a pressão também aumenta, conforme o indivíduo envelhece.
Barojas também enfatiza os grupos de risco da hipertensão, que segundo ele, são diversos. “Após os 65 anos, as mulheres são as mais atingidas pela doença. Já entre os jovens, o problema é mais comum em homens”.
Em função de fatores genéticos, o risco aumenta no caso de negros e latinos. “Mas é importante destacar que, de maneira geral, indivíduos que convivem com altos níveis de estresse, dormem pouco ou que abusam do consumo de substâncias como álcool e sal têm grandes chances de desenvolver a doença”, finaliza.