O mau hálito, também conhecido como halitose, é uma condição que pode afetar significativamente a qualidade de vida de uma pessoa, além de ter implicações para a saúde bucal e geral. No Brasil, estima-se que cerca de 30% da população seja afetada com esse problema, de acordo com a Associação Brasileira de Halitose.
Suas causas podem variar, desde questões de má higiene oral, cáries, dentes quebrados, restaurações inadequadas, até doenças na gengiva. Mas também pode ser influenciada por condições de saúde, como rinite, sinusite, amigdalite, infecções respiratórias ou doenças gastrointestinais, como gastrite e refluxo.
“No geral, 90% dos casos de halitose estão relacionados a problemas de origem bucal e os outros 10% têm origem em alterações sistêmicas, ou seja, em problemas que afetam o corpo como um todo”, afirma Milene Portela, dentista da Unidade Clínica Ambulatorial Jundiapeba, gerenciada pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de Mogi das Cruzes.
Muita gente não sabe, mas a diminuição da salivação, causada por fatores psicológicos como o estresse e a ingestão de certos medicamentos, também pode agravar o problema, já que a saliva tem um papel extremamente importante na limpeza bucal. Além disso, pessoas com diabetes também podem sofrer com variações em seu hálito.
“O grande problema é que, na maioria dos casos, a pessoa não sente o mau cheiro vindo de sua boca, mas, sim, as que estão próximas. E, justamente, essa condição a deixa extremamente vulnerável”, explica a especialista.
Quando a origem da halitose é bucal, torna-se fundamental melhorar as práticas de higienização, realizando uma escovação correta e completa de todas as superfícies dentárias, utilizando diariamente o fio dental e higienizando a língua com escovas e raspadores.
Além disso, outros tratamentos odontológicos, como a substituição de restaurações defeituosas, remoção de tecidos cariados, restaurações de dentes fraturados e extrações, passam a ser necessários para resolver os demais fatores que possam contribuir para o seu aparecimento.
“Lembrando que o tratamento da halitose também envolve melhorar as práticas que estimulam o aumento da salivação, como a reposição de dentes ausentes para uma mastigação mais eficaz, por exemplo. Por isso, recomendamos, juntamente com essas práticas, manter uma ingestão adequada de líquidos”, complementa a dentista.
Outras dicas importantes para se ter em mente, segundo a profissional, incluem manter uma alimentação saudável e balanceada, de preferência a cada 3 horas e evitar o consumo de alimentos que intensifiquem o mau hálito, como cebola e alho, além do alto consumo de gorduras e frituras em geral. Não só isso, eliminar hábitos como o consumo excessivo de álcool e cigarro faz toda a diferença.
E como a origem da halitose também pode ser sistêmica, é fundamental verificar com um médico se os níveis de glicose no sangue estão dentro da normalidade e se o funcionamento do estômago, rins e intestinos não apresenta nenhuma alteração.
Balas, chicletes e doces ajudam?
Em situações em que a pessoa sabe que possui o mau hálito, é comum que balas e chicletes sejam usados como formas de amenizar odores. Porém, nem sempre essa é a melhor opção, por mais que seja mais rápida.
“A partir dessa prática, as bactérias que vivem na boca da pessoa com halitose passam a se alimentar de açúcares, produzindo ácidos que contribuem para o aparecimento de cáries e para a potencialização desse odor já existente. O fato torna a situação pior, na maioria das vezes”, salienta Milene.
Não há contraindicação, mas, para evitar a possibilidade de agravar a halitose, a opção mais segura é optar por chicletes sem açúcar. Desta forma, ao mascá-lo, a pessoa estimula a produção de saliva e, ao mesmo tempo, as bactérias não têm acesso a glicose para se alimentar.
Cuidado pelo SUS
Na maioria dos casos, o profissional mais indicado para tratar a halitose é o cirurgião-dentista. Portanto, é importante que o paciente o procure para obter um diagnóstico preciso e adequado. Se a causa da halitose for bucal, o especialista realizará todo acompanhamento necessário.
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é possível obter o diagnóstico correto e buscar tratamento gratuito, de acordo com o caso. Basta procurar a unidade de saúde mais próxima que disponha de uma equipe de odontologia e solicitar atendimento nessa área.