No Sertão do Pajeú, em Pernambuco, um projeto-piloto promete mudar a forma como a doença de Chagas é tratada. Pela primeira vez, pacientes poderão receber medicamentos e acompanhamento sem sair de suas cidades, medida que busca evitar viagens de até 800 quilômetros até a capital. A ação é vista como um passo decisivo para ampliar o acesso e reduzir a sobrecarga nos centros especializados.
O diferencial está no diagnóstico. Testes rápidos, capazes de indicar o resultado em minutos, substituem a espera de até 45 dias do exame tradicional. Em julho, cerca de mil moradores de Triunfo e Serra Talhada participaram da triagem e 9% deles foram identificados com a doença — taxa considerada muito acima da média nacional, que varia de 2% a 5%.
Autoridades de saúde alertam que a descoberta precoce é vital, já que a doença costuma evoluir de forma silenciosa, podendo causar graves problemas cardíacos. No Brasil, cerca de 4,5 mil pessoas morrem todos os anos por complicações da Chagas, e apenas uma pequena fração dos infectados recebe tratamento antiparasitário, segundo a Organização Panamericana da Saúde (Opas).
A etapa de tratamento começará em setembro, com medicamentos administrados por dois meses. Produzidos pela Fiocruz (Biomanguinhos), os testes rápidos usados na triagem poderão ser incorporados futuramente ao protocolo nacional, caso os resultados confirmem eficiência e segurança.




