Apesar de ser um método contraceptivo eficaz, seguro e reversível, o DIU (dispositivo intrauterino) segue pouco acessível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Brasil. De acordo com o censo nacional do Ministério da Saúde, apenas 19,7% das UBSs realizam a inserção do dispositivo. O dado expõe um problema estrutural e cultural: por um lado, faltam treinamento e segurança por parte dos profissionais de saúde para realizar o procedimento; por outro, persiste a desinformação entre as próprias usuárias sobre os benefícios do método. Enquanto isso, métodos menos eficazes, como a pílula anticoncepcional, seguem predominando entre as brasileiras.
A baixa oferta de DIU no SUS reflete também a precariedade da atenção primária à saúde no país. Segundo o mesmo levantamento, mais da metade das UBSs precisam de reforma ou ampliação, e apenas 21% têm salas apropriadas para coleta de exames laboratoriais. Nesse cenário, a sobrecarga de trabalho, aliada à escassez de ginecologistas e à falta de capacitação dos clínicos gerais, dificulta a ampliação do acesso ao DIU. Além disso, barreiras culturais e mitos sobre o dispositivo — como a falsa necessidade obrigatória de ultrassonografia após a inserção — afastam tanto profissionais quanto usuárias. Enquanto não houver investimento em infraestrutura, capacitação e educação em saúde, o DIU continuará sendo um direito contraceptivo negado à maioria das mulheres brasileiras.




