Um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros e publicado na revista científica Lancet Infectious Diseases trouxe uma nova descoberta sobre a circulação do vírus oropouche (Orov). De acordo com a pesquisa, variantes do agente infeccioso, que historicamente circulavam na região amazônica, foram identificadas nos estados da Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina, marcando uma expansão geográfica significativa.
Assinado por especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Grupo Fleury e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo sugere que essas variantes estavam presentes nessas regiões há bastante tempo devido à exportação viral oriunda do norte do Brasil, onde a febre oropouche é endêmica. “Esses vírus parecem ter chegado a essas áreas há algum tempo, e a combinação com outros vírus da mesma família pode ter contribuído para sua maior transmissibilidade”, afirmou Renato Santana, virologista da UFMG.
A pesquisa analisou 30 amostras clínicas coletadas nos três estados mencionados e detectou seis casos positivos de infecção pelo vírus oropouche: dois na Bahia, um no Espírito Santo e três em Santa Catarina. A análise genética revelou que todos os vírus encontrados fora da Amazônia têm alta semelhança com os que circulam na floresta amazônica, reforçando a tese de que eles já estavam nesses estados há algum tempo, em vez de serem resultado de recentes importações.
A descoberta de que esses casos não foram importados, mas sim autóctones, ou seja, com transmissão local, levantou um alerta significativo para as autoridades de saúde pública. Essa nova evidência amplia a preocupação com a febre oropouche, que já tem causado desfechos graves, como as primeiras mortes no mundo associadas à doença, registradas na Bahia.
Segundo o Ministério da Saúde, até 1º de setembro de 2024, o Brasil já contabiliza 7.931 casos de febre oropouche distribuídos em 22 estados. Entre esses, 16 casos de transmissão vertical foram registrados, sendo 13 óbitos fetais e três casos de bebês nascidos com anomalias congênitas. Há ainda uma morte sob investigação no Paraná, com provável local de infecção em Santa Catarina.
O que é febre oropouche ?
A febre oropouche é uma doença infecciosa aguda e é causada pelo vírus de mesmo nome. Trata-se de uma arbovirose, ou seja, doença transmitida por artrópodes, como mosquitos ou carrapatos.
Os principais sintomas da febre oropouche são:
– febre;
– calafrios;
– dor de cabeça;
– dor nas articulações;
– náuseas.
*Com informações da Folha de São Paulo.