A rotina de muitas famílias que têm filhos com autismo ou outras condições neurodivergentes costuma ser marcada por desafios, inclusive quando o assunto é a saúde bucal. Barulhos, cheiros e luzes de um consultório odontológico, que podem parecer triviais para a maioria das pessoas, tornam-se verdadeiros obstáculos para esses pacientes.
A odontopediatria Camila Magalhães reforça que seu atendimento começa na recepção. “Muitas vezes passo duas ou três sessões apenas na recepção com a criança, para que ela se sinta segura antes de entrar na minha sala. Cada pequeno avanço é uma conquista”, explica.
Para as crianças autistas, por exemplo, há um painel sensorial e uma abordagem com brinquedos e estímulos visuais que ajudam na adaptação ao ambiente. Nos casos em que o manejo clínico não é possível, como em pacientes com autismo nível 3 (que precisam de mais suporte), a odontopediatra trabalha com uma parceira especializada em sedação odontológica, conforme regulamentação do Conselho Federal de Odontologia (CFO). “A ideia é que tudo seja feito com o máximo de segurança e conforto para a criança e para a família”, ressalta Magalhães.
Camila, que também atua na esfera pública, através do Projeto Saúde Móvel, reforça a necessidade de ampliar o atendimento de odontopediatras, principalmente para crianças autistas, no Sistema Único de Saúde (SUS). “Assim como na medicina, a odontologia também precisa ser preventiva e inclusiva”, conclui a odontopediatra.




