O peso da caneta e o vazio da fiscalização

cOMPARTILHE:

O que antes parecia um fenômeno limitado ao universo das redes sociais e do marketing de celebridades agora escancara uma crise mais profunda e perigosa: a corrida desenfreada pelas canetas emagrecedoras não apenas alimenta um mercado estético bilionário, mas serve de estopim para uma nova onda de criminalidade em Salvador. Roubo a farmácias, contrabando e tráfico de medicamentos controlados tornaram-se rotinas perturbadoras, cujo impacto ultrapassa o campo da segurança pública — atinge diretamente a saúde coletiva.

O que estamos vendo é o resultado previsível de um sistema desregulado e permissivo, que permite que medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, desenvolvidos originalmente para tratar diabetes e obesidade sob rigoroso controle médico, sejam transformados em “itens de luxo” ou “atalhos estéticos”, vendidos clandestinamente como se fossem cosméticos milagrosos. Em vez de servirem ao cuidado médico responsável, essas canetas agora movimentam quadrilhas organizadas, furtos milionários e, em última instância, colocam vidas em risco.

O que está em jogo é mais do que a segurança de farmácias ou o combate ao crime organizado. Trata-se da necessidade urgente de repensarmos o lugar que a estética ocupa na sociedade e da atuação firme do poder público em três frentes: reforçar a fiscalização sanitária e policial, endurecer as penalidades para crimes relacionados à venda ilegal de medicamentos e, sobretudo, promover educação em saúde que combata o culto ao corpo a qualquer custo.

Comente:

Deixe um comentário

# Últimas notícias

Utilize nosso formulário para fazer sua denúncia.

Você também poderá entrar em contato acessando nossos canais.

Este site utiliza cookies para melhorar a experiência dos usuários. Ao acessar nosso site você concorda com nossas políticas de privacidade.