A presença feminina no mercado de trabalho evoluiu significativamente nas últimas décadas. Se antes a expectativa era que mulheres se dedicassem exclusivamente à vida doméstica, hoje elas ocupam cargos de liderança, se especializam e mantêm carreiras sólidas por mais tempo. Mas essa conquista exige atenção à saúde, especialmente a partir dos 40 anos.
A médica ginecologista Ana Maria Passos,especialista em saúde da mulher 40+, acompanha de perto os impactos da perimenopausa e da menopausa na vida profissional. Para ela, o avanço da ciência e o acesso à informação são fundamentais para que as mulheres mantenham sua produtividade e bem-estar. “Quanto mais cedo a mulher entende as mudanças que o corpo vai enfrentar, maiores são as chances de prevenção e qualidade de vida. A informação é a principal aliada nesse processo”, afirma.
Saúde e cognição: pilares da longevidade profissional
A saúde feminina impacta diretamente na performance profissional. Sintomas como névoa mental, alterações de memória e declínio cognitivo estão associados à queda de estradiol no cérebro, hormônio que, quando em baixa, pode aumentar o risco de doenças como Alzheimer. “Para produzir e estar no auge, a mulher precisa dormir bem, se sentir disposta, ter clareza de pensamento, foco e concentração. Tudo isso depende de uma saúde que acompanhe o ritmo da vida profissional”, explica.
A reposição hormonal com hormônios bioidênticos, feita com acompanhamento médico, é uma das estratégias que contribuem para manter a saúde cerebral e física em dia. “Hoje sabemos que esse tipo de tratamento não aumenta o risco de câncer, AVC ou trombose. Pelo contrário, ele ajuda a preservar a cognição, e a longevidade no trabalho”, reforça.
Ciência e carreira: avanços que transformam vidas
A perimenopausa, que costuma começar por volta dos 40 anos, coincide com o auge profissional de muitas mulheres. Identificar essa fase e iniciar o tratamento precocemente é um dos grandes avanços da medicina nos últimos anos. “Se a mulher não entende o que está acontecendo com ela, pode perder motivação, foco e até a posição que conquistou. A ciência nos dá ferramentas para evitar isso”, diz a médica. Além da reposição hormonal, práticas como alimentação anti-inflamatória, atividade física regular, suplementação e manejo do estresse são essenciais para manter o corpo compatível com a rotina profissional prolongada.
Ambientes corporativos e políticas de apoio
Apesar dos avanços científicos, o ambiente corporativo ainda precisa se adaptar para acolher mulheres em plena maturidade. Países como Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido já adotam o selo “menopausa friendly”, que reconhece as necessidades específicas dessa fase e oferece suporte médico e flexibilidade. “Infelizmente, no Brasil ainda não temos esse tipo de iniciativa. Mas seria um grande passo para valorizar mulheres experientes, que têm muito a contribuir”, afirma Ana Maria. Ela defende que empresas ofereçam apoio à saúde física e mental, permitindo que essas profissionais sigam a todo vapor, colocando em prática tudo o que estudaram e vivenciaram ao longo dos anos.




