Mortes por envenenamento: uma tragédia silenciosa que o Brasil ignora

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Entre 2015 e 2024, mais de 45 mil brasileiros buscaram atendimento em prontos-socorros da rede pública por sintomas de envenenamento, segundo levantamento inédito da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). No mesmo período, 1.480 pessoas morreram em decorrência desses casos. Os números, divulgados pelo blog de Lauro Jardim, em O Globo, revelam uma realidade que permanece invisível no debate público: em média, o país registra 12,6 atendimentos por dia, o que equivale a um caso a cada duas horas.

Embora expressivos, os dados não têm recebido a devida atenção das autoridades. Parte significativa desses envenenamentos pode estar ligada ao uso inadequado de substâncias químicas — como pesticidas, medicamentos e produtos de limpeza — ou mesmo a tentativas de suicídio, um grave problema de saúde mental que cresce de forma alarmante no Brasil. A falta de políticas públicas específicas para prevenção, regulação mais rígida de substâncias tóxicas e campanhas de conscientização contribui para que a situação se perpetue.

Outro ponto crítico é a desigualdade no acesso à informação e ao tratamento. Muitos casos poderiam ser evitados com rótulos mais claros, orientações adequadas de uso e políticas de vigilância mais ativas. Já no âmbito hospitalar, a subnotificação e a ausência de protocolos unificados dificultam a construção de um retrato fiel da realidade, o que atrapalha estratégias de prevenção.

As mortes por envenenamento não deveriam ser tratadas como fatalidades isoladas, mas como um problema de saúde pública de grande impacto social. Cada vítima representa uma falha do Estado em proteger sua população — seja no controle do acesso a substâncias perigosas, seja no cuidado com a saúde mental, seja na agilidade do atendimento de emergência.

Ignorar esses números significa aceitar que, a cada duas horas, uma vida brasileira está em risco por uma causa muitas vezes evitável.

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