Instituição filantrópica que atende pacientes de todo o estado da Bahia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Martagão Gesteira é um unidade de vanguarda quando o quesito é cuidar da saúde de crianças e adolescentes. Em 2023, ele foi responsável por 42% das cirurgias cardíacas realizadas em todo Estado. Um dado expressivo. Para angariar mais recursos para as cirurgias cardíacas, o hospital realiza este ano, a quinta edição do Jantar do Bem, na próxima quinta-feira (23), na chácara Baluarte, conta com Show de Thiago Arancam e jantar assinado pelo Grupo Origem. A cardiopediatra Mila Simões reforça a necessidade de avançar mais e assegurar atendimento excelente na alta complexidade da pediatria.
O Martagão Gesteira é um hospital de vanguarda no quesito pediatria na alta complexidade?
Sim, um hospital 100% pediátrico de alta complexidade e ainda filantrópico. Lidamos com desafios diários de crianças com múltiplas doenças complexas juntas. Nos últimos cinco anos, o Martagão Gesteira vem se consolidando como um hospital quaternário em pediatria, oferecendo serviços altamente especializados para doenças complexas – alguns deles inéditos no Sistema Único de Saúde (SUS) da Bahia. Dentre eles, destacam-se transplantes de medula óssea, transplante hepático, radiointervenção em oncologia e malformações vasculares, cirurgias craniofaciais e cirurgias cardíacas neonatais, entre outros.
Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela Cardiopediatria do HMG?
A falta de acesso dos pacientes. Muitos chegam tarde, depois de passar ou aguardar muito tempo por um especialista para ser encaminhado. Isso leva a complicações, maior gravidade e maior taxa de desfecho negativo. O diagnóstico precoce muitas vezes muda tudo. O ideal é os pacientes receberem o diagnóstico intra-útero, e todos realizarem o teste do coraçãozinho na maternidade. O que vemos são pacientes com diagnóstico tardio, chegando muito desnutridos, em vigência de infecção e, às vezes, precisando até operar de urgência.
As cirurgias cardíacas precisam de mais recursos, quais são eles?
Sim. Lidamos com cardiopatias complexas, que necessitam de materiais e medicamentos especiais que muitas vezes não são custeados pelo SUS. Os matérias (próteses, tubos) usados na cirurgia cardíaca são caros. Eles têm alto custo e o valor do SUS não é atualizado há muitos anos. Então, é o Hospital que banca essa conta. Além disso, ao longo dos anos, os procedimentos de cateterismo evoluíram muito, corroborando para melhores resultados, mas também dependem de equipamentos e materiais de alto custo, cuja manutenção feita por um Hospital 100% SUS é complexa.
O Jantar do Bem pode trazer que resultados positivos para a Cardiopediatria?
Através da arrecadação de recursos com o Jantar do Bem, poderemos custear procedimentos de cateterismo que não estão disponíveis pelo SUS e poderemos oferecer medicamentos que ajudam a recuperar a função do coração e tirar a criança da fila de transplante cardíaco. Existe uma medicação chamada Levosimedan, ela melhora a função cardíaca, e pode ajudar pacientes que estão com o músculo cardíaco fraco, melhorar um pouco e adiar a indicação de um transplante cardíaco.