Respirar fumaça de cigarro já é prejudicial o suficiente para um adulto. Agora imagine o impacto devastador que ela causa em uma criança em pleno desenvolvimento — ou pior, em um feto dentro do útero. Mesmo com todos os alertas da ciência, ainda existem mães que insistem em fumar durante a gestação. Essa atitude, além de irresponsável, beira o descaso com a própria vida do filho.
A pergunta que não quer calar é: como é possível ignorar tantos avisos publicitários e ainda assim colocar uma vida indefesa em perigo? É inadmissível que, em pleno século 21, mães exponham seus filhos — dentro e fora do útero — à fumaça tóxica do cigarro. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, conduzida em 2019, revelam que no Brasil existem 130 mil mulheres grávidas fumantes. Um estudo desenvolvido pelo epidemiologista e pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (Inca) André Szklo, em parceria com profissionais da Escola de Saúde Pública da Johns Hopkins Bloomberg, ainda aponta que de 2013 a 2019, houve aumento de fumantes entre as gestantes, de 4,7% para 8,5%.
O resultado? Riscos elevados de parto prematuro, baixo peso ao nascer, má-formações e até morte súbita infantil. E não basta sair para fumar na varanda ou esperar o bebê dormir. A fumaça de terceira mão permanece em roupas, móveis e paredes, contaminando o ambiente por muito tempo. O ato de fumar, nesse contexto, se transforma em uma forma silenciosa de agressão à saúde infantil. É dever de qualquer cuidador proteger, não adoecer. O tratamento gratuito para parar de fumar está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Não há desculpa que justifique persistir em um hábito que pode tirar vidas antes mesmo que elas tenham chance de começar.