Medicamentos de uso popular no Brasil, como o ibuprofeno e o paracetamol, podem contribuir para o avanço da resistência bacteriana a antibióticos, segundo pesquisa da Universidade do Sul da Austrália (UniSA). O estudo, considerado o primeiro desse tipo, avaliou nove remédios amplamente utilizados e revelou que esses dois analgésicos não apenas elevam a resistência quando administrados de forma isolada, mas também a intensificam quando usados em conjunto.
Os cientistas analisaram a interação de medicamentos não antibióticos com o antibiótico de amplo espectro ciprofloxacina e a bactéria Escherichia coli (E. coli), responsável por infecções intestinais e urinárias. Os resultados mostraram que o ibuprofeno e o paracetamol aumentaram as mutações bacterianas, tornando a E. coli altamente resistente ao medicamento.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, quando as bactérias foram expostas ao antibiótico em conjunto com ibuprofeno e paracetamol, desenvolveram mais mutações genéticas, o que não só acelerou o crescimento bacteriano como também as tornou resistentes a diferentes classes de antibióticos.
Além do ibuprofeno e do paracetamol, o estudo avaliou outros sete medicamentos comuns: diclofenaco, furosemida, metformina, atorvastatina, tramadol, temazepam e pseudoefedrina.
Os resultados reforçam os alertas de especialistas para a necessidade de uso racional tanto de antibióticos quanto de outros remédios amplamente consumidos, para evitar um cenário de crescente ineficácia no tratamento de infecções.




