Especialista esclarece mitos e verdades sobre a infertilidade

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Em tempos de propagação de Fake News, a informação de qualidade é uma das grandes aliadas da saúde. A infertilidade ainda é um tema que provoca muitas dúvidas e é encarada como um tabu, especialmente por parte da população masculina. Caracterizada pela ausência de gravidez em um casal com vida sexual ativa e que não usa medidas anticonceptivas por um período de um ou mais anos, a infertilidade atinge cerca de 17,5% da população global em idade reprodutiva, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

No século 21, as técnicas de Reprodução Assistida são indicadas não apenas para essa parcela de casais inférteis, mas também para ajudar mulheres ou homens que queiram ter filhos de maneira independente e casais homoafetivos. “Com as novas configurações familiares da sociedade atual, a medicina reprodutiva ganhou um papel fundamental para ajudar essas pessoas a terem o direito de procriar”, afirma a médica Sofia Andrade, ginecologista e especialista em Reprodução Humana do Cenafert – Centro de Medicina Reprodutiva.

Para responder a uma série de dúvidas frequentes relacionadas à infertilidade, a médica Sofia Andrade nos traz informações relevantes. Confira na entrevista !

 As técnicas de Reprodução Assistida são indicadas exclusivamente para os casos de infertilidade?

 Mito. Hoje a medicina reprodutiva tem um papel fundamental para os novos modelos familiares. Hoje a família é plural e diversa. Não apenas os casais que sofrem de infertilidade são beneficiados com os tratamentos de reprodução assistida, mas também as mulheres e homens que desejam ter filhos de maneira independente, assim como os casais homoafetivos.

Além disso, com as técnicas de criopreservação, é possível preservar a fertilidade para quem planeja ter filhos no futuro ou para quem vai se submeter a alguns tipos de tratamento oncológico que podem comprometer a fertilidade.

 A endometriose causa infertilidade?

Verdade. A endometriose é um dos principais fatores de risco para a infertilidade feminina, sendo responsável por mais de 30% dos casos de infertilidade nas mulheres. 

A endometriose atinge cerca de 10% das mulheres brasileiras e pode comprometer o sistema reprodutivo feminino, principalmente, em seu estágio mais avançado, quando a doença atinge as trompas.

A infertilidade decorrente da endometriose pode ser tratada com a inseminação artificial ou, nos casos mais avançados, com Fertilização in Vitro (FIV).

A mulher é a principal responsável pela infertilidade do casal?

 Mito. Antigamente, a responsabilidade pela infertilidade era sempre atribuída à mulher, mas, hoje, já está comprovado que a responsabilidade pela gravidez deve ser compartilhada igualmente pelos dois sexos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), estima-se que cerca de 35% dos casos de infertilidade podem ser atribuídos à mulher, outros 35% são de responsabilidade do homem, 20% estão relacionados a ambos e 10% são de causas desconhecidas.

Quando um casal não consegue ter filhos naturalmente e vai buscar ajuda especializada, a investigação da infertilidade conjugal deve ser feita sempre pelos dois sexos. 

A infertilidade masculina ainda é um tabu para os homens?

Verdade. Embora esse cenário tenha evoluído muito nos últimos tempos, a desinformação, aliada a questões culturais, faz com que muitos homens ainda associem infertilidade masculina a disfunções sexuais, como impotência ou falta de virilidade. No entanto, a infertilidade dos homens é causada por problemas na qualidade e quantidade dos espermatozoides, não devendo ser confundida com disfunções sexuais. 

 O ideal é que o congelamento de óvulos para preservação da fertilidade feminina seja feito até os 35 anos?

 Verdade. A recomendação é que o congelamento seja realizado até os 35 anos de idade, uma vez que o sucesso da técnica está associado com a idade da mulher no momento do procedimento e a quantidade de óvulos. Óvulos mais jovens e em maior quantidade aumentam as chances de uma fertilização bem sucedida.

 A utilização de Bancos de Sêmen é uma opção segura?

Verdade. Quem recorre a um Banco de Sêmen para ter filhos pode escolher o doador com base em características físicas, genéticas e levando em conta até hábitos do doador. Essa é uma alternativa, por exemplo, para mulheres que desejam ser mães solo ou casais lesboafetivos.

Os bancos de sêmen passam por um controle rigoroso para seleção dos doadores, de modo a garantir a qualidade do material genético e a segurança da mãe e do bebê. Os doadores passam por uma triagem médica para avaliar possíveis problemas de saúde, que possam comprometer a qualidade do sêmen, inclusive doenças infecto-contagiosas. É feito também uma avaliação genética para evitar doenças hereditárias. Até a condição psicossocial do doador é avaliada para assegurar que ele está, realmente, pronto emocionalmente para o processo de doação anônima de modo a evitar futuras implicações e conflitos. 

 Homens vasectomizados e mulheres que fizeram a laqueadura de trompas não podem ter mais filhos?

 Mito. Eles não podem ter mais filhos espontaneamente, mas nos dois casos é possível recorrer à reprodução assistida, através da técnica de Fertilização in Vitro, para conseguir ter filhos. 

As tentativas de reversão cirúrgica para vasectomia e laqueadura, na maioria dos casos, não oferecem boas chances de gravidez espontânea após a reversão.

 

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