O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 trouxe para o centro do debate um dos temas mais urgentes do país: “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. A escolha reflete a rápida transformação demográfica do Brasil, que caminha para se tornar uma das nações com maior proporção de idosos no mundo nas próximas décadas.
De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 30% da população terá 60 anos ou mais até 2050, o que impõe desafios imediatos aos sistemas de saúde, previdência, assistência social e infraestrutura urbana. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que o envelhecimento populacional é um fenômeno global, e alerta que países em desenvolvimento — como o Brasil — sentem esse impacto de forma ainda mais intensa.
A proposta da redação convidou os participantes a refletirem sobre qualidade de vida, autonomia, inclusão social e dignidade na terceira idade, além de provocar uma análise crítica sobre as responsabilidades do Estado, da família e da sociedade. O tema surge em meio ao aumento das denúncias de violência contra idosos, casos de abandono, dificuldades de acesso a serviços básicos e falta de políticas públicas eficazes para garantir uma velhice ativa e segura.
Especialistas lembram que o Brasil enfrenta não apenas o desafio do atendimento, mas também o do preconceito etário, que exclui idosos do mercado de trabalho, da vida social e até mesmo do planejamento das cidades. Ambientes urbanos pouco acessíveis, ausência de programas de prevenção em saúde e escassez de instituições fiscalizadas de longa permanência tornam a realidade ainda mais preocupante.
Com o tema, o Enem 2025 apontou para a necessidade de uma mudança estrutural, que inclua valorização da terceira idade, combate ao idadismo e criação de políticas públicas que garantam direitos previstos no Estatuto do Idoso e no artigo 230 da Constituição Federal.
Em um país que envelhece rapidamente, o debate proposto pelo exame reforça que o futuro depende da capacidade de promover uma velhice saudável, participativa e digna — não apenas como política social, mas como compromisso coletivo.
Crédito da foto: LPETTET/Getty Images




