Com a chegada do mês de Dezembro, o país inicia uma das campanhas de saúde pública mais cruciais do calendário: o Dezembro Laranja, promovido anualmente pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Focado no combate ao câncer de pele, o alerta ganha ainda mais relevância com a proximidade do verão, período em que a exposição solar se intensifica, elevando o risco de desenvolvimento da doença, sendo a forma mais frequente da doença no Brasil.
Segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele representa cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. O INCA estima que até o final de 2025, o Brasil tenha registrado 220.490 novos casos de Câncer de Pele Não Melanoma e 8.980 novos casos de Câncer de Pele Melanoma.
O carcinoma basocelular (CBC) é o tipo mais comum, mas o melanoma, embora menos incidente, é o mais agressivo e com maior potencial de se espalhar para outros órgãos (metástase) e causar a morte. O oncologista da Afya Ipatinga, Luciano de Souza Viana, esclarece que os principais fatores de risco são exposição excessiva e acumulada ao sol; pele, olhos e cabelos claros (loiros ou ruivos); e histórico familiar ou pessoal.
“Na população brasileira, esse tumor costuma se manifestar por meio de alterações em pintas ou pelo surgimento de lesões que coçam, sangram ou modificam sua aparência, como mudanças na cor, bordas irregulares ou aumento do tamanho da pinta”.
A boa notícia é que o câncer de pele está entre os mais fáceis de prevenir, e, quando descoberto em estágios iniciais, a taxa de cura supera 90%, conforme ressalta o Ministério da Saúde. O principal fator de risco é a exposição desprotegida e prolongada à radiação ultravioleta (UV).
Luciano Viana comenta que no câncer de pele não melanoma (carcinomas basocelular e espinocelular), o diagnóstico em estágio inicial garante índices de cura muito altos, quase 100% apenas com a cirurgia. O atraso, porém, pode resultar em lesões extensas, exigindo cirurgias mutilantes, além de radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia.
“O melanoma requer ainda mais rapidez no diagnóstico e tratamento, pois é o tipo mais agressivo. Lesões iniciais têm menos de 1 milímetro de invasão, e quando tratadas precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%. A cirurgia precisa de margens amplas e avaliação especializada. Em estágios avançados, o tratamento é mais complexo, podendo envolver cirurgias maiores, imunoterapia ou drogas-alvo, com pior prognóstico”, complementa o oncologista da Afya Ipatinga.
Proteção contra o câncer de pele no verão
A dermatologista da Afya Educação Médica de Belo Horizonte, Maria de Fátima Maklouf Amorim, ressalta que a SBD orienta que a população realize o autoexame regular da pele para conhecer seus próprios “sinais” e identificar qualquer mudança ao longo do tempo. Para o melanoma, a SBD recomenda a regra ABCDE: A de assimetria, B de bordas irregulares, C de cor variada, D de diâmetro maior que cerca de 6 mm e E de evolução, que corresponde a qualquer mudança na lesão.
Para proteger a pele neste verão, a médica Maria de Fátima lista 4 recomendações:
1)Protetor solar e reaplicação:
Utilize FPS 30 ou superior, com proteção UVA (PPD) e UVB (FPS). Aplique 30 minutos antes da exposição, cobrindo uniformemente todas as áreas do corpo e reaplique a cada duas horas (menos tempo se houver suor intenso ou contato com água). Isso reduz a absorção dos raios UV pela pele.
2)Roupas e acessórios adequados:
Prefira roupas de algodão ou tecidos com proteção UV, além de bonés ou chapéus. Eles criam uma barreira física eficaz contra a radiação.Óculos com proteção UV também são essenciais, especialmente para pessoas com olhos claros, pois protegem contra danos oculares causados pela radiação ultravioleta.
3)Guarda-sóis e barracas:
Modelos de algodão ou lona podem absorver cerca de 50% da radiação UV, ajudando a diminuir a intensidade solar direta.
4)Horário de exposição:
Evite o sol entre 10h e 16h, quando a incidência de radiação UV é mais intensa, reduzindo o risco de queimaduras e danos cumulativos.
“O clima tropical, a grande quantidade de praias, a valorização do bronzeamento (especialmente entre os jovens) e o trabalho ao ar livre, como na construção civil e na lavoura, favorecem a exposição excessiva à radiação solar. Além disso, no verão é importante manter uma alimentação saudável, incluindo legumes de cor alaranjada, garantir boa hidratação e manter cuidados básicos com a pele, como hidratação diária e uso de sabonete neutro”, conclui a dermatologista da Afya Educação Médica de Belo Horizonte.



