No Brasil existe uma escassez de informações e dados atualizados sobre o autismo, o que prejudica o tratamento adequado e intervenções precisas nas unidades de saúde. Para se ter ideia, um dos últimos dados que se tem notícia é de 2010 e aponta 2 milhões de pessoas com autismo em todo o país.
Um levantamento divulgado recentemente pelo Center for Disease Control and Prevention dos Estados Unidos, mostrou que se nos anos 1970 o número de diagnósticos de transtorno do espectro autista (TEA) estava na faixa de 1 para cada 10 mil crianças, em 1995 já havia pulado para 1 em cada mil, com uma curva de crescendo acelerada, chegando a 1 a cada 59 em 2018 e 1 a cada 44 em 2022 – evidenciando o aumento expressivo. Adaptando esse marco à população brasileira, isso resultaria em um contingente de mais de 4 milhões de pessoas. Apenas o Censo escolar do Brasil registrou um aumento de 280% no número de estudantes com TEA matriculados em escolas públicas e particulares no período entre 2017 e 2021. Sobre as condições de saúde mental e física e do dia a dia das pessoas autistas, 49% afirmam que possuem alguma doença crônica ou secundária identificada junto ao diagnóstico de TEA, e 50% afirmam não ter acesso a recursos e suportes adequados para as suas necessidades autistas.
Outra questão alarmante é que, segundo a literatura científica, a vulnerabilidade da saúde dos autistas é um fator decisivo em sua vivência, especialmente em questões gastrointestinais (16%), doenças respiratórias (10%) e obesidade (6%), que aparecem nessa ordem entre as mais prevalentes nos pacientes. Outro aspecto importante da pesquisa é a respeito do suicídio entre pessoas autistas, pesquisas científicas apontam para um número 8 vezes maior na tentativa de suicídio feita por autistas em relação à população em geral. E nesta pesquisa, o número foi alarmante: 7,26% dos autistas alegaram que já atentaram contra a própria vida.
O relatório revela que a grande maioria dos cuidadores está profundamente preocupada com o futuro a longo prazo da pessoa com autismo (79%). A insegurança passa por diversos aspectos, como o desenvolvimento da criança, inclusão, como lidar com comportamentos desafiadores, apoio emocional, entre outros. As outras duas principais dificuldades citadas pelos cuidadores no estudo são: dificuldades financeiras para arcar com os custos do tratamento (73%) e encontrar tempo para descanso e para cuidar de si mesmo (68%). Essa realidade se perpetua mesmo com 63% dos respondentes tenham afirmado receber apoio para cuidar da criança (independentemente do estado civil, renda mensal e nível de escolaridade).