É necessário combatermos as fakenews na medicina. Um tratamento milagroso difundido nas redes sociais e chamado soroterapia tem cooptado pessoas que desejam mais energia, redução do estresse, melhora da imunidade e beleza em gotas. Essas são algumas das promessas que as clínicas médicas e influenciadores divulgam nas redes sociais como resultados da soroterapia.
Entidades médicas estão fazendo alertas sobre a soroterapia. Esta semana, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo fez uma fiscalização em locais que oferecem o tratamento. O Cremesp diz ter encontrado “oferta indiscriminada e crescente” do procedimento. Em uma das clínicas, os fiscais avaliaram as condições de armazenamento dos produtos e encontraram “cardápios” com promessa de tratamento até para depressão e ansiedade.
A fiscalização identificou uma série de problemas em relação às regras de publicidade médica. No levantamento com 20 clínicas:
- 16 prometiam resultados, o que é proibido;
- 17 não apresentavam o registro no CRM;
- nenhuma clínica informava o RQE, registro de qualificação de especialidade
Entre representantes de diferentes especialidades, é consenso que a que a soroterapia só é recomendada para casos específicos de pacientes com dificuldade de absorção de nutrientes.
A médica otorrinolaringologista Mônica Bergamo que aplica o tratamento em clínica informa que o soro é ofertado como prevenção ao envelhecimento e estratégia para reduzir sintomas de doenças. O primeiro passo da soroterapia consiste na avaliação clínica do paciente, em especial suas queixas, sinais e sintomas e realização de exames para averiguar quais nutrientes estão em falta no organismo. Ela pode ter diversas indicações: desintoxicar o organismo, prevenir doenças, favorecer processos de emagrecimento ou ganho de massa magra, tratar anemias, melhorar a imunidade, aumentar a performance em treinos, aprimorar a saúde da pele e cabelos e até mesmo otimizar a memória.
Entretanto, considerando a cautela da maioria dos profissionais de saúde em relação à ingestão desmedida de vitaminas e minerais, as preocupações ganham uma escala ainda maior quando se fala na suplementação intravenosa direta, pois isso resulta em absorção quase instantânea dessas substâncias.
E a situação se torna ainda mais delicada, para não dizer grave, quando se constata a ausência de estudos clínicos avaliando a segurança e a eficácia desse procedimento. Hoje, nenhuma sociedade médica subscreve soros do tipo para melhorar a saúde ou ter ganhos estéticos. E, pior, há há risco de efeitos colaterais.
“Qualquer infusão endovenosa oferece riscos no local da punção venosa, como hematomas, infiltrações, extravasamento, oclusão vascular, infecção local, trombose, flebite etc; e sistêmicos que vão desde náuseas, hipotensão arterial, arritmias cardíacas e anafilaxia”, explica a médica Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Fonte : G1 e Veja