O Brasil deu um passo histórico rumo à autonomia na produção de medicamentos essenciais ao Sistema Único de Saúde (SUS). Após mais de 20 anos sem fabricar insulina humana, o país retomará a produção nacional do medicamento, com tecnologia transferida pela farmacêutica indiana Wockhardt. O primeiro lote, com mais de 207 mil unidades de insulina, foi entregue nesta sexta-feira (11) em cerimônia oficial na planta da Biomm, em Nova Lima (MG), com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A iniciativa integra o programa Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), componente estratégico da Política Nacional para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, e prevê a fabricação de insulinas do tipo regular e NPH em território nacional. O projeto envolve a Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratório público de Minas Gerais, e a empresa brasileira Biomm, que atuará diretamente na linha de produção.
Segundo o Ministério da Saúde, a expectativa é de que o Brasil passe a produzir, até 2026, metade da demanda nacional de insulinas humanas utilizadas pelo SUS. A transferência de tecnologia será feita em etapas e resultará na produção integral do medicamento em território nacional, com domínio da cadeia produtiva tanto do insumo farmacêutico ativo (IFA) quanto do produto final.
“Depois de mais de duas décadas sem produzir insulina humana, o Brasil retoma essa fabricação para ser entregue ao SUS e contribuir com a saúde da população. É o Brics acontecendo na prática, gerando emprego, renda e soberania tecnológica para o país”, destacou Padilha, ao reforçar o papel da cooperação com a Índia, integrante do bloco de países emergentes.
A retomada da produção impacta diretamente a vida de cerca de 350 mil pessoas com diabetes que fazem uso contínuo de insulina. A estimativa é que, entre 2025 e 2026, sejam entregues à rede pública cerca de 8,01 milhões de unidades de insulina, entre frascos e canetas.
Com a internalização da tecnologia, o país terá mais capacidade para responder a variações no mercado internacional e oferecer um tratamento estável e seguro. Atualmente, o SUS oferece quatro tipos de insulina — NPH, regular, análogas de ação rápida e prolongada — além de medicamentos orais e injetáveis, todos distribuídos gratuitamente conforme a prescrição médica.




