A condição se caracteriza pela perda da coloração da pele, com diminuição ou falta de melanina, o pigmento natural do corpo responsável por essa função. A estimativa da Fundação Internacional de Pesquisa é de que 95 milhões de pessoas são afetadas pela doença em todo o mundo, que pode ter relação com questões emocionais, como estresse e ansiedade. Como a vitiligo se desenvolve? Ela é sempre igual?
Na maioria das vezes, em sua forma autoimune, a vitiligo se desenvolve quando as células de defesa do indivíduo passam a atacar seus próprios melanócitos, responsáveis por produzir a melanina.
No entanto, em outros casos, a condição pode ser genética, ou seja, filhos de pais com vitiligo têm mais probabilidade de desenvolver a condição e psicossomática — quando o estado emocional do paciente influencia na manifestação das manchas na pele. No entanto, ainda que não tenha melhora no ponto de vista psicológico, o quadro pode evoluir positivamente de “forma aleatória” em casos raros, segundo o coordenador do Departamento de Biologia Molecular Genética e Imunologia da SBD Caio César Silva de Castro
“Tenho um caso em consultório de uma senhora que tinha vitiligo há 25 anos, no corpo todo, e repigmentou (recuperou a cor da pele) sozinha, sem ter melhora psicológica ou sem diferença em sua vida.”, disse o especialista
De acordo com o Hospital Albert Einstein, o estresse também pode colaborar com o agravamento da condição em pessoas já diagnosticadas. Além disso, há casos menos comuns de vitiligo frutos da exposição à substâncias químicas, como derivados do fenol e clareadores a base de cloroquina, que também podem piorar o quadro.
Como saber se é vitiligo?
Em geral, segundo a SBD, a vitiligo não apresenta sintomas, porém alguns pacientes podem ter prurido, que é uma coceira leve quando as lesões estão começando. Um dos principais preconceitos relacionados à doença é o fato de que ela é transmissível, o que não é verdade.
Ao saber isso, a vitiligo pode se apresentar de duas formas: segmentar ou vulgar, segundo Caio. No primeiro caso, atinge apenas um lado do corpo, sendo mais comum em crianças; no segundo, diz respeito às extremidades corporais, como ao redor dos olhos, tornozelos, cotovelos e a face ou até mesmo em todo o corpo (não segmentar).
“O não segmentar (vulgar) pode surgir em qualquer idade e é mais instável, podendo ter piora ou melhora com o tempo”, ressalta.
Apesar de crianças também receberem o diagnóstico de vitiligo, a maior parte dos casos ocorre entre brasileiros (as), em média, com 24 anos, segundo o dermatologista da SBD.
Para diagnosticar o vitiligo, é feito um exame no escuro com auxílio de uma lâmpada especial. Em caso de dúvidas, é preciso fazer biópsia.
Tratamento
O principal tratamento é a fototerapia com radiação ultravioleta B, como explica o presidente da SBD Heitor de Sá Gonçalves, que também ressalta que há outras opções de tratamento.
“Elas emitem um comprimento de onda capaz de matar as células que estão na pele, denominadas linfócitos T, que mataram os melanócitos. Dessa forma, os melanócitos conseguem voltar para as lesões do vitiligo e repigmentar a pele. Podemos também fazer tratamentos com medicações orais ou tópicas, além de remédios inibidores”, explica o médico.
De acordo com a SBD, ainda não foi possível impedir que o vitiligo não se instale em determinados locais, mas em áreas pequenas, como nas mãos, já é possível evitar.
Ele ressalta que é preciso tomar alguns cuidados como ao fazer a unha e retirar a cutícula, já que, em caso de traumatismo, “pode ser um gatilho para novas lesões”; evitar depilação a laser, devido à redução do potencial de repigmentação.
A exposição ao sol também pode atrapalhar o tratamento da doença e piorar o quadro do paciente.
Fonte: SBT News
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