Um estudo publicado em maio na revista Nature revela descobertas significativas sobre como uma proteína específica, chamada HMGN1, atua no adenocarcinoma pulmonar, um dos tipos mais comuns de câncer de pulmão. Os resultados mostraram que quando a HMGN1 está ausente nas células do câncer, elas se tornam mais sensíveis à quimioterapia, o que significa que o tratamento pode ser mais eficaz.
Segundo Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e presidente do Instituto Oncoclínicas, este achado sugere que a HMGN1 pode ser um biomarcador prognóstico promissor e um alvo terapêutico potencial para tratar o adenocarcinoma pulmonar. “Abordagens que miram na HMGN1 poderiam potencializar a resposta à quimioterapia, oferecendo novas esperanças para os pacientes”, diz.
O estudo, intitulado Perda de HMGN1 sensibiliza células de câncer de pulmão à quimioterapia, utilizou uma combinação de análise de dados genéticos de grandes bancos de dados, como o The Cancer Genome Atlas (TCGA), e experimentos diretos com células para entender melhor a função da proteína HMGN1 no adenocarcinoma pulmonar. Os pesquisadores descobriram que essa proteína muitas vezes não funciona corretamente nesse tipo de câncer e que sua ausência pode tornar as células cancerígenas mais vulneráveis à quimioterapia. “A razão por trás disso é que a HMGN1 é importante para o reparo do DNA. Quando a proteína está ausente ou inibida, as células têm maior dificuldade em reparar danos no DNA, o que leva a uma maior eficácia dos tratamentos quimioterapêuticos, aumentando a morte das células cancerosas”, explica.
Em 2022, o câncer de pulmão foi o mais diagnosticado mundialmente, com 2,5 milhões de novos casos, ou 12,4% do total, e foi a principal causa de morte por câncer, com 1,8 milhão de óbitos, ou 18,7% do total, segundo os últimos dados disponíveis da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dividido em dois tipos principais, carcinoma de células não pequenas (NSCLC) e carcinoma de pequenas células (SCLC), o NSCLC é mais prevalente com subtipos como o adenocarcinoma pulmonar, que representa 40% dos casos. “Apesar dos progressos nos tratamentos, o prognóstico a longo prazo para esses pacientes ainda é um grande desafio clínico, o que torna essencial o desenvolvimento de diagnósticos precoces e terapias direcionadas eficazes”, diz.