Nas principais cidades do Brasil, cerca de 25% das crianças enfrentam atrasos no desenvolvimento até os cinco anos de idade, conforme indica uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde. Essas crianças não conseguiram adquirir as habilidades ou manifestar os comportamentos típicos de sua faixa etária, o atraso é ainda mais acentuado entre àquelas que vivem em situações de vulnerabilidade social e pobreza, bem como em áreas onde a insegurança alimentar é um problema.
Os resultados da pesquisa revelam que 10,1% das crianças apresentaram atrasos no desenvolvimento esperado até os três anos de idade, enquanto 12,8% tiveram atrasos entre os três e cinco anos de idade. Somando essas duas faixas etárias, um total de 22,9% das crianças são afetadas durante o período que é considerado a “janela principal” – momento oportuno para o aprendizado global. Durante esses primeiros anos de vida, o cérebro se desenvolve de forma acelerada e é particularmente sensível aos cuidados e estímulos ambientais.
O desenvolvimento infantil abrange quatro áreas interconectadas que dizem respeito às habilidades motoras, cognitivas, linguísticas e socioemocionais. Inúmeros estudos demonstram que crianças que se desenvolvem de maneira saudável e em ambientes propícios têm uma vantagem significativa na aquisição de conhecimento, o que, por sua vez, contribui para um desempenho escolar mais sólido e com sucesso profissional e responsabilidade financeira.
A pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde também ilustra como as disparidades sociais afetam o desenvolvimento infantil. Notadamente, há uma maior prevalência de atrasos entre as crianças pertencentes a famílias que participam de programas sociais, como o Bolsa Família, o que sinaliza uma maior vulnerabilidade social nesse grupo.
Na média geral, 15% das crianças provenientes de famílias beneficiárias apresentaram atraso no desenvolvimento infantil esperado até os cinco anos de idade. Em contrapartida, entre as crianças que não estavam envolvidas em nenhum programa social, a incidência de atraso foi de 9%. Notavelmente, no grupo de crianças com condição socioeconômica mais precária, a frequência de atraso é ainda mais elevada, afetando 17% das crianças de até cinco anos pertencentes a famílias beneficiárias.