Os dados epidemiológicos divulgados pelo Ministério da Saúde reforçam que a sífilis permanece em ritmo acelerado de crescimento no Brasil, com impacto expressivo sobretudo entre mulheres jovens e gestantes, conforme reportagem da Agência Brasil publicada neste domingo (14).
A taxa nacional de detecção da doença em gestantes alcançou 35,4 casos por mil nascidos vivos em 2024, um indicador preocupante da transmissão vertical, que ocorre quando a infecção é passada da mãe para o bebê durante a gestação ou no parto. Entre 2005 e junho de 2025, foram registrados 810.246 casos de sífilis em gestantes, com maior concentração de diagnósticos na Região Sudeste, seguida pelo Nordeste e outras regiões do país.
Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que o Brasil enfrenta um desafio histórico no controle da sífilis congênita, apesar de a doença ser considerada de fácil diagnóstico e tratamento comparado a outras infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV. A ginecologista Helaine Maria Besteti Pires Mayer Milanez, integrante da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), destaca que embora haja conhecimento técnico disponível, a redução efetiva dos números ainda não foi alcançada, especialmente entre mulheres em idade reprodutiva e seus fetos.
Entre os fatores que dificultam o enfrentamento da sífilis no país está o subdiagnóstico e a interpretação inadequada dos exames sorológicos no pré-natal, apontados pela especialista como entraves à identificação e tratamento precoce da doença. A médica ressalta que muitos profissionais de saúde acabam interpretando resultados de maneira equivocada, o que contribui para a persistência da infecção nas gestantes e a eventual transmissão para os parceiros e para os bebês. Além disso, a falta de tratamento dos parceiros sexuais é um elemento que perpetua a circulação da bactéria Treponema pallidum na população.
O perfil epidemiológico também aponta que a sífilis cresce entre jovens de 15 a 25 anos e entre pessoas da terceira idade, grupos nos quais a utilização de métodos de barreira tem diminuído e os níveis de exposição sem proteção têm aumentado.




