A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgaram uma nota conjunta reforçando que o uso de testosterona em mulheres deve ser limitado a uma única indicação reconhecida: o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH). Segundo as entidades, a prescrição só deve ocorrer após avaliação clínica criteriosa, não sendo recomendada quando baseada apenas em exames isolados ou com objetivos estéticos e não terapêuticos.
O comunicado chama atenção para efeitos adversos que podem surgir com o uso inadequado do hormônio. Entre os riscos mencionados estão alterações virilizantes — como acne, queda de cabelo, crescimento de pelos, aumento do clitóris e engrossamento irreversível da voz — além de toxicidade hepática, possibilidade de tumores no fígado, alterações psicológicas e psiquiátricas e infertilidade. As entidades também destacam potenciais consequências cardiovasculares, como hipertensão, arritmias, embolias, tromboses, infarto e AVC, além de aumento da mortalidade.
De acordo com a nota, o uso sem indicação adequada pode ainda modificar resultados laboratoriais, incluindo níveis de colesterol e triglicerídeos. As organizações médicas ressaltam que esses efeitos podem surgir mesmo com doses consideradas baixas, quando administradas sem acompanhamento especializado.
As entidades lembram, ainda, que nenhuma formulação de testosterona possui aprovação da Anvisa para uso em mulheres. A agência reguladora também não reconhece a aplicação do hormônio para fins estéticos, melhora de composição corporal, aumento de desempenho físico, bem-estar ou propostas associadas ao antienvelhecimento.
