A desinformação na área médica se tornou uma ameaça concreta à saúde pública, alimentando diagnósticos inexistentes e tratamentos sem base científica. É nesse ambiente fértil que prospera um novo movimento de médicos que ganharam projeção por discursos antivacina e agora lucram com a suposta “síndrome pós-spike”, ou “spikeopatia”.
Conforme explica o médico Dr. Raimundo Paraná, a prática caracteriza-se como falta de humanismo e não expressa o verdadeiro significado da profissão.
“É por espalhamento de falsos conceitos pautados em shots fórmulas, soros inidôneos e chips da beleza que muitos estão enriquecendo às custas do comprometimento da saúde de seres humanos”, ressalta Paraná.
A “spikeopatia” não tem qualquer comprovação científica. Mesmo assim, médicos com 1,6 milhão de seguidores vendem cursos de até R$ 897, consultas de até R$ 1,3 mil e medicamentos que dizem tratar efeitos colaterais das vacinas de RNA mensageiro. A ciência, porém, apresenta dados sólidos. Um levantamento do Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) mostrou que a vacinação reduziu em 27% o risco de covid longa. No Brasil, o Ministério da Saúde também já afirmou que não há relação entre imunizantes e a condição.
Apesar disso, influenciadores afirmam que a suposta síndrome estaria ligada até a morte súbita, câncer e problemas cardiorrespiratórios. Ele não apresentou as fontes desses dados.
“A lucrativa ‘fake medicina’, floresce no terreno fértil das redes sociais, sem o crivo da evidência científica. Isso significa que as pessoas, pelo fácil acesso às informações falsas, estão abdicando da maior arma que a Medicina criou para protegê-los de grandes erros já experimentados na história. Falo da Medicina baseada em evidências”, alerta Paraná.
“Os profissionais éticos abraçam a Medicina baseada em evidência, mas se vêm impotentes diante de um poderoso e lucrativo mercado que fez da medicina um grande negócio às custas do ferimento de morte da ética e da ciência. O dinheiro acima de tudo, praticado por fakes especialistas de redes sociais é o que chamo de medbusiness. Portanto, não é medicina, mas um mero negócio”, explica.




