Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em colaboração com o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú (SP), desenvolveram um exame inédito capaz de identificar o câncer a partir da cera de ouvido. O estudo, publicado na revista científica Scientific Reports, mostra que o cerúmen concentra metabólitos — substâncias resultantes das reações químicas do corpo — que refletem alterações metabólicas associadas não só ao câncer, mas também a doenças como Parkinson, diabetes e Alzheimer.
De acordo com o professor Nelson Roberto Antoniosi Filho, da UFG, essas enfermidades estão diretamente ligadas ao funcionamento das mitocôndrias, responsáveis por transformar gorduras, carboidratos e proteínas em energia. Quando esse processo sofre alterações, o organismo passa a produzir compostos químicos diferentes dos encontrados em células saudáveis, o que permite a detecção por meio da análise do cerúmen.
Para validar a técnica, batizada de cerumenograma, os cientistas examinaram amostras de 531 pacientes com câncer e 203 pessoas sem a doença. O método não apenas confirmou os diagnósticos em pacientes oncológicos, como também trouxe informações sobre o estágio da enfermidade. Entre os voluntários sem histórico de câncer, 200 apresentaram resultado negativo, enquanto três tiveram alterações: dois mostraram inflamações com indícios de pré-câncer e um revelou processo inflamatório detectado em exames de imagem.
Embora ainda em fase experimental, a pesquisa aponta para um caminho promissor no diagnóstico precoce e no monitoramento da saúde.




